Só para lembrar: o hábito carioca de comemorar a virada na praia começou com os umbandistas, que durante muitos anos ocupavam sozinhos as areias para louvar Iemanjá. A iniciativa de fazer a festa na praia de Copacabana partiu da turma que acompanhava Tancredo da Silva Pinto, o Tata Tancredo, líder religioso, sambista (foi fundador da Deixa Falar do Estácio) e personagem fundamental da cultura carioca.
Era bonito ver a orla ocupada pelos terreiros e a noite iluminada por velas. O furdunço não excluía ninguém. Conheço ateus, católicas, crentes, budistas, flamenguistas, tricolores, bacalhaus e botafoguenses que, por via das dúvidas, garantiam ano bom recebendo passes de caboclos e pretas velhas nas areias, com direito a cocares, charutos e sidra de macieira.
Hoje a confraternização nas areias virou atração turística bacana, atrai gente de tudo quanto é canto, gera divisas e garante a ocupação da rede hoteleira. Em contrapartida, os atabaques foram silenciados e os terreiros buscaram alternativas para continuar batendo em praias fora dessa "centralidade turística", driblando ainda a intolerância do bonde da aleluia.
A elitização do furdunço é evidente nos espaços reservados nas areias, controlados por grupos privados. Um crime contra a cultura carioca.
Mojubá, Tata Tancredo, patriarca do Omolokô, herói civilizador da nossa gente.
Luis Antonio Simas.
Fonte RS Guia de Turismo Cadastur Brasil(Felipe Romeiro)
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