segunda-feira, 26 de outubro de 2020

NOSSOS FILHOS FORA DA ESCOLA por Rossano Sobrinho

 


NOSSOS FILHOS FORA DA ESCOLA

por Rossano Sobrinho


Estes são dias complexos. Estamos diante de uma experiência mundial que nos tem forçado a nos redescobrirmos. Entre as tantas situações delicadas provocadas pela presença do Covid 19, uma das mais preocupantes é a impossibilidade de nossos filhos frequentarem as escolas. 

Sei da complexidade do momento e respeito profundamente as autoridades da Saúde, mas devemos atentar com muito carinho para a rotina de nossos filhos nesses dias turbulentos, sem usufruírem da vida escolar regular.

Nossas crianças e jovens estão praticamente encarcerados dentro de casa pelo menos de segunda a sexta-feira, e isso é péssimo para a vida emocional de todos eles! O movimento de se deslocarem dos lares e se dirigirem aos colégios, solicalizando-se com diversos colegas e professores é altamente salutar. A convivência com os amigos, a diversidade de assuntos, o contato com realidades diferentes da vivida em casa oferece uma dinâmica saudável, certamente até terapêutica, aos nossos filhos.

Sem poderem ir à escola, nossas crianças e jovens, mesmo realizando atividades escolares on-line, têm ficado em demasia nos celulares, nos computadores, jogando, visitando redes sociais, conversando em demasia com amigos - e alguns até com estranhos - e isso não é nada bom. O uso comedido das tecnologias é uma bênção, a utilização excessiva pode ser altamente perniciosa, principalmente no que diz respeito à aceleração das mentes infanto-juvenis. A mente humana é sensível e, embora comporte o universo, carece de momentos variados para manter o seu equilíbrio, sua estabilidade.

Pode parecer que nós pais não estamos dando conta de nossos filhos dentro de casa, mas não se trata exatamente disso. A verdade é que a dinâmica da vida escolar é fundamental para o equilíbrio emocional de nossas crianças e jovens. Digo isso depois de uma experiência de vinte anos no magistério, além de minha especialização em psicopedagogia.

O fato é que estamos diante de uma realidade nova e devemos rogar aos Céus para que tudo se normalize o mais rápido possível para que nossos filhos voltem à vida escolar com segurança, como também a frequentarem as praças de recreação, as escolas religiosas, enfim, retornem à vida normal.

Vivi uma infância muito saudável, pois podia sair de casa para jogar  futebol nas ruas de Espera Feliz (minha cidade), soltar pipa, brincar de bolinha de gude, e ainda podia ir a pé ou de bicicleta de segunda a sexta para a escola, sem qualquer preocupação excessiva com minha segurança. Hoje, porém, não é mais assim, mesmo em minha cidade natal no interior de Minas Gerais. Temos diversas preocupações... As drogas estão em toda parte, a violência também se faz presente nas ruas e, agora, o Covid nos limitou ainda mais a liberdade de viver e conviver, de ir e vir.

O tempos são realmente difíceis, o relativo isolamento social amplifica e muito as tensões e o estresse na população. Não podemos desconsiderar também os vírus do tédio, da solidão e da depressão - quase nunca mencionados pela Grande Mídia. De crianças a idosos, todos estamos submetidos a um contexto estressante e limitante. Que possamos juntos doar o melhor de nós mesmos uns aos outros nesse momento ainda angustiante, cuidando de nossas dores, temores e dissabores até que um dia novo se aproxime, com novas e agradáveis perspectivas, cheio de saúde, paz e alegrias, após o fim da pandemia.

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