* Por Leonardo Alegre, COO da iHealth Group
A Inteligência
Artificial (IA) está ganhando cada vez mais importância no setor de saúde do
Brasil. Tal afirmação pode ser comprovada por três importantes apontamentos da
pesquisa feita pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp): 55% dos
profissionais de hospitais entrevistados utilizaram IA nos últimos dois anos
para entrega de valor na resolução de problemas; 62% utilizam IA atualmente em
atividades como atendimento a pacientes, apoio à tomada de decisão clínica e
análise de imagens médicas; e 51% obtiveram resultados positivos com uso de IA.
Em termos práticos,
estou falando de um recurso tecnológico que já se tornou um “caminho sem
volta”, pois sua utilização é fundamental para processos de hospitais - desde
as operações “de entrada” (como triagem de pacientes para direcioná-los ao
atendimento mais adequado) até as mais complexas (como leitura de dados em
casos de doenças que necessitam de tratamentos mais delicados).
Neste contexto, também
destaco a importância de integrar IA com Processamento de Linguagem Natural
(NLP, do inglês Natural Language Processing) para estabelecer um padrão de
texto e permitir que as informações inseridas por médicos e enfermeiros nos
prontuários de saúde sejam interpretadas da maneira correta - por meio da
transformação de dados “não estruturados” (escritos pelos profissionais) para
“estruturados” (traduzidos pelo padrão clínico).
Assim, a NLP gera uma
visão abrangente dos pacientes por meio de dados analisados com maior precisão
(tais como sintomas, diagnósticos, planos de tratamento) para tornar a tomada
de decisões clínicas e o cuidado com as vidas cada vez mais eficientes,
garantindo que o paciente seja monitorado de maneira personalizada e adequada.
Diante de tal cenário,
outro benefício estratégico que a combinação IA+NLP proporciona aos hospitais é
evitar eventos adversos nos atendimentos de saúde, que podem ser:
- Diagnósticos
incorretos: falha na
identificação da condição médica de um paciente, levando a tratamentos
inadequados.
- Erros
de medicação: prescrição inadequada
ou administração incorreta de medicamentos.
- Lesões
cirúrgicas: complicações durante ou após
cirurgias, devido ao fatores de risco que podem levar a infecções
pós-operatórias ou lesões em órgãos adjacentes.
- Erros
de comunicação: problemas na
comunicação entre os membros da equipe médica, como falta de
compartilhamento de informações cruciais sobre o paciente.
- Equipamentos
médicos defeituosos:
uso de equipamentos médicos com falhas que podem causar danos ao paciente.
- Negligência
ou abuso: tratamento inadequado ou
negligência por parte da equipe médica, o que pode ser evitado por meio de
informações corretas sobre a anatomia do paciente e a utilização dos
instrumentos cirúrgicos.
As situações
mencionadas acima parecem provenientes de atos básicos dos procedimentos
médicos, mas são erros que realmente existem. Nos hospitais, essas adversidades
são de responsabilidade da área de gestão de risco e segurança, as quais
respondem diretamente para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Isso significa que, por se tratar de um órgão federal de extrema rigidez,
combater as adversidades é obrigatório, o que aumenta o valor estratégico do
uso de IA combinada com NLP.
Fazendo isso, os
hospitais estarão contribuindo para aperfeiçoar a “experiência do paciente”, a
qual considero mais importante que a tão falada “experiência do cliente”. Isso
porque a “experiência do paciente” tem objetivo de preservar algo que é mais
valioso do que qualquer bem material: a vida das pessoas.
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