Inimigo silencioso
Paiva Netto
Numa excelente matéria produzida
pelo programa Viver é Melhor!,
da Boa Vontade TV (Oi TV — Canal 212 — e Net Brasil/Claro TV
— Canais 196 e 696), o
Abordamos, mais uma vez, esse
relevante tema por se tratar de assunto de saúde pública ainda não
suficientemente difundido na população.
Passaporte
Acerca do impacto do diabetes na
área da saúde, dr. Fadlo afirmou que “para
a Organização Mundial da Saúde (OMS) o diabetes e a obesidade são duas
epidemias de males crônicos. Ambas andam juntas porque a obesidade acaba sendo
um passaporte para o diabetes. É um fator desencadeante para aqueles que
geneticamente já têm a doença. São dois os tipos básicos de diabetes.
O tipo 1, que se manifesta na infância e adolescência, é autoimune, não
muito ligado à genética (5% a 10% de todos os diabéticos). Já de 90% a 95% dos
doentes são do tipo 2, que se manifesta na fase adulta e geralmente vem com a
obesidade: 80% deles são obesos. (...) A doença é silenciosa, evolui sem
que percebamos. Você que é parente de diabéticos, ou que é obeso, tem hipertensão,
tem de fazer seus exames periodicamente, porque é possível que você venha a
desenvolver o diabetes”.
No Brasil, cerca de 13 milhões de
pessoas estão com a doença, segundo informa a Sociedade
Brasileira de Diabetes (SBD). E os números não param. Houve um aumento
preocupante no mundo, de acordo com dados da Federação Internacional
de Diabetes (IDF). Somente no ano de 2017, foram estimados 425
milhões de diabéticos, o que corresponde a 8,8% da população
planetária. Calcula-se que até o ano de 2045 esse número ultrapasse
629 milhões.
O exemplo do carro
Quanto à prevenção masculina, o
especialista fez uma interessante analogia: “A mulher brasileira aprendeu a ter precaução com as doenças em geral.
O ginecologista pede os exames e ela os faz. Já o homem não se previne. Costumo
dizer que o brasileiro aprendeu a fazer manutenção do automóvel. Quer dizer,
ele sabe fazer a revisão do carro. Contudo, nunca leva seu corpo ao médico para
ver o seu colesterol, o seu açúcar... O diabetes é uma doença pouco conhecida
em seus fundamentos. Se não tratada, a pessoa aparentemente não sente nada, mas
ao fim de talvez 7, 8, 9 anos, sem tratamento adequado, ou às vezes sem um
diagnóstico, pode se manifestar por complicações gravíssimas”.
Dados alarmantes
De acordo com a OMS, hoje, a cada
cinco segundos, uma pessoa no planeta contrai o diabetes. E ainda consoante o
endocrinologista, “é a primeira
causa de cegueira e de amputações de membros inferiores no mundo. É também
praticamente a primeira causa de insuficiência renal. Você tem em torno de 40%
a 50% das pessoas que fazem hemodiálise – quando o rim vai à falência –
diabéticas. Em 40% das coronariopatias que levam aos infartos, são indivíduos
com diabetes. Tudo isso não é para assustar, mas para alertar. Podemos evitar
todas essas complicações desde que tenhamos conscientização e saibamos nos
tratar. (...) Eu tenho pacientes que já estão com 30, 40 anos de diabetes e não
têm nenhum problema, porque se cuidam, se exercitam, fazem dieta”.
Sobremesa
Durante o programa, respondendo a uma
telespectadora, que questionou se a sobremesa diária pode oferecer algum risco,
explicou: “O doce, na realidade,
acaba levando, de início, a um aumento de formação de gorduras, aumento de
peso. Além do que é um alimento não saudável. É preferível, em vez de
habitualmente comer doce, você se alimentar de frutas na sobremesa. É uma forma
de prevenção da doença. Aliás, um estudo feito em 2002 pela Associação
Americana de Diabetes mostrou exatamente isso; pegou pessoas que já tinham
propensão à doença, fase inicial, que a gente chama de intolerantes à glicose
ou pré-diabéticas, e dividiram-nas em três grupos: um fazendo dieta,
exercícios; outro tomando remédios; e o outro apenas controle. Aquele grupo que
fez dieta e exercícios foi o que mais se beneficiou no sentido de regredir a
patologia. Então é possível prevenir a doença tipo 2, desde que você tenha uma
vida mais saudável, uma alimentação pobre em açúcar, pobre em carboidratos, e
evidentemente faça exercícios, mexa-se, isso é muito importante. (...) As frutas,
as fibras e os vegetais são fundamentais na alimentação de uma forma geral,
para equilibrar a quantidade de carboidrato”.
Fator de risco
Quanto à famosa “barriguinha”, o dr.
Fadlo atestou tratar-se também de um fator de risco: “Já se sabe que ela é reflexo do acúmulo da gordura visceral. Aquela
que é depositada não embaixo da pele, mas dentro das vísceras entre os
intestinos, entre os órgãos internos. É a pior de todas porque, na realidade, a
gordura visceral está relacionada muito mais com as complicações
cardiovasculares, com infarto do miocárdio, derrame, porque ela produz
citoquinas inflamatórias, que acabam levando a esses problemas”.
Eis a nossa contribuição para que
mais e mais pessoas se conscientizem da real necessidade de cuidar da saúde. Somente
assim poderemos vencer o diabetes, terrível e silencioso inimigo.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br —
www.boavontade.com
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