terça-feira, 2 de abril de 2019

LEILOADA POR UM QUARTO DE SEU VALOR, CASA DE SAÚDE DE ITALVA-RJ CHEGA AO FIM

Por Avelino Ferreira /Tempo News 



Italva, mesmo quando distrito de Campos dos Goytacazes (na época era apenas Campos), tinha como referência, inclusive para muitos da cidade, a Casa de Saúde Imaculada Conceição, onde nasceram milhares de italvenses. Fundada em julho de 1965, duas décadas antes da emancipação do município, pelos médicos itaperunenses Adilton Jorge Crespo, Adir Carlos Crespo e Carlos Antônio Deslandes.



Em seu auge, a Casa de Saúde contava entre quarenta e cinquenta funcionários (incluindo médicos e enfermeiros) e fazia três mil consultas mês, com cerca de 400 intervenções cirúrgicas.



Em 2012, após algum tempo vivendo uma crise econômica, o que gerou muitas ações trabalhistas na Justiça do Trabalho, a Casa de Saúde foi fechada, funcionando apenas o pronto socorro, mantido em convênio com a Prefeitura. Pronto socorro que ainda continua funcionando.



Em 2016, foi reaberta, enchendo de esperanças o povo de Italva, hoje mais concentrado na cidade, em seus diversos bairros. Mas foi novamente fechada dois meses depois, para tristeza e aflição dos munícipes.




O fato que causou indignação em alguns e tristeza e tantos outros de Pedra Branca ou Italva, (contrastando com Itaperuna (que é Pedra Preta é que, após anos em perfídia, os ex-funcionários ganharam na Justiça do Trabalho o direito à indenização). E no último dia 28 de março, o terreno e edifício da Casa de Saúde Imaculada Conceição foi a leilão.



Com 1040 metros quadrados e um prédio que abriga o pronto socorro, além dos leitos e enfermarias da parte superior, foi avaliado em R$ 4 milhões e 400 mil. Porém, a Justiça do Trabalho estabeleceu como lance mínimo, quantia de R$ 1 milhão e 320 mil. O leilão teve um único lance, com o mínimo estabelecido, e vendido para um empresário itaperunense que é um investidor e estranho a esfera da saúde.



Estranho, mas possível, pois o caso entre a Casa de Saúde e os funcionários vinha se arrastando há anos e, finalmente, chegou ao fim. Não se sabe se o valor mínimo do lance será suficiente para pagar as despesas do leilão e todas as dívidas com os funcionários. Todavia, neste caso específico, resolve-se total ou parcialmente um caso consolidado: a dívida com os trabalhadores.



Por outro lado, a frustração do povo de Italva que, inerte, soube do leilão e, impotente, nada pode fazer, contra uma decisão judicial. Nem mesmo convencer a pessoas interessadas na salvação do mais importante (além das escolas, é claro) bem daquela comunidade. Além de tudo, histórico.



O que será da Casa de Saúde? Especula-se apenas: um depósito de material de construção? Sua demolição e a construção de um centro comercial? Enfim, a incerteza do futuro da Casa de Saúde paira sobre as cabeças dos italvenses que veem o sonho de ter um hospital municipal, mesmo que particular, desvanecer-se.



Estranha-se o lance mínimo de R$ 1 milhão e 320 mil, quando a avaliação é de R$ 4 milhões e 400 mil. Porém, no sistema capitalista é assim que as coisas funcionam. Servir ao próximo, só se for lucrativo. Caso contrário, dane-se o próximo. Os governos têm obrigação constitucional de cuidar da saúde e da educação do povo. No Brasil, esta obrigação parece letra morta.



Fica, então, a pergunta: qual o real destino da Casa de Saúde Imaculada Conceição?

 

*Avelino Ferreira é jornalista e professor

Fonte. Transcrito

https://www.jornaltemponews.com.br/2019/03/leiloada-por-um-quarto-de-seu-valor.html?m=1#.XKD0hOWJW-Y.facebook

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