quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Hematologista alerta para o risco de doenças cardiovasculares e a trombose



O Dia Mundial da Trombose quer ampliar o conhecimento da
 população sobre essa doença silenciosa


            O aumento da esperança de vida e o crescimento da população mundial durante o século 20 estão associados a uma transição de doenças infecciosas para doenças não transmissíveis como as principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo, sendo as doenças cardiovasculares como um dos principais fatores. A trombose é a patologia subjacente mais comum dos três principais distúrbios cardiovasculares: doença cardíaca isquêmica (síndrome coronariana aguda), acidente vascular cerebral e tromboembolismo venoso (TEV).

            No Dia Mundial da Trombose, 13 de outubro, ainda assusta o número de pessoas que morrem em função dessa complicação em todo o mundo. Um em cada 4 pacientes morrem por trombose, doença silenciosa que se manifesta quando ocorre a formação de coágulos potencialmente fatais nas artérias ou veias. Os coágulos de sangue, normalmente, ocorrem nas veias da perna (Trombose Venosa Profunda - TVP), que podem se fragmentar e chegar através da circulação até os pulmões e causar a Embolia Pulmonar (EP).

            O médico hematologista, patologista clínico e CEO do Laboratório São Paulo, Daniel Dias Ribeiro, revela que a incidência de trombose é de mil pessoas por 1 milhão na população mundial. “Se olhar a trombose cerebral, são 10 a 20 casos por 1 milhão por ano. Em situações no dia a dia, temos os casos de trombose, como voos com mais de 8 horas de duração – 217 casos para 1 milhão de pessoas. O uso de anticoncepcional oral – 5 mil casos para cada 1 milhão de pessoas que usam o medicamento”, acrescenta.

            O problema também passou a ser lembrado com a pandemia da Covid-19, lembra o médico hematologista.  De acordo com ele, é alta a incidência de trombose nos pacientes que têm casos graves da Covid-19 e chegam em 20% a 30% aqueles que estão em CTI. “A vacinação é muito importante para impedir a ocorrência do problema. Ter Covid grave traz muito mais riscos de ter trombose do que tomar vacina contra a doença”, alerta Daniel Ribeiro.

            O CEO do Laboratório São Paulo informa que algumas doenças, como o câncer, também são fatores de risco. “Pacientes com câncer também estão mais sujeitos às tromboses venosas ou arteriais em razão das cirurgias, internações, infecções, tratamentos e de outros fatores específicos da doença”, explica ele.

            “Felizmente, apesar dos altos índices de complicações, o problema pode ser prevenido” informa Daniel Ribeiro. Nunca é demais alertar à população sobre os fatores de risco para trombose, como: as internações hospitalares, uso de medicações contendo estrógenos, acidentes e traumatismos, histórico familiar, imobilização prolongada, obesidade, cirurgia, câncer, gestação, puerpério e tabagismo.
A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) lançou uma campanha com três focos para conscientizar a população e prevenir os eventos trombóticos: 

            - Pacientes hospitalizados: cerca de 60% de todos os eventos trombóticos venosos ocorrem durante, ou nos 90 dias que se seguem a uma internação hospitalar. Sendo assim, representam uma das principais causas de morte relacionadas a internação hospitalar passível de prevenção.

            - Pacientes com câncer: esses apresentam maior risco de tromboses tanto venosas quanto arteriais. As tromboses venosas em pacientes com câncer resultam em aumento da necessidade de internações e aumento da morbimortalidade, além disso a prevalência de recorrência de trombose neste grupo de pacientes é maior que na população geral a despeito do tratamento.

            - Pacientes com COVID-19: estes pacientes apresentam risco aumentado para tromboembolismo venoso, além de alterações ainda não completamente compreendidas no balanço hemostático local (pulmões) e sistêmico. O reconhecimento deste risco é fundamental para o manejo intrahospitalar destes casos.

Sinais e Sintomas

            Os sinais e sintomas da trombose também devem ser observados/conhecidos e buscar o tratamento médico no caso da manifestação é essencial para diminuir os riscos relacionados aos eventos. Entre eles, estão: dor ou desconforto na panturrilha ou coxa, aumento da temperatura e inchaço da perna, pés ou tornozelos, vermelhidão e/ou palidez, sensações e/ou falta de ar, dor no peito (que pode piorar com a inspiração), taquicardia, tontura e/ou desmaios.


            Para finalizar, o médico acrescenta que sempre é bom lembrar quais as medidas devem ser adotadas para evitar a trombose: hidratação diária; não ficar sentado muito tempo (trabalho, viagens e pós-cirurgias); fazer atividade física, pelo menos, três vezes por semana; preferir roupas e sapatos confortáveis; ter uma alimentação balanceada; evitar fumar e bebidas alcoólicas.


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