Delegado destaca que itens levados são difíceis de serem revendidos, já que o mercado é restrito
A Polícia Civil não descarta a hipótese de que uma quadrilha especializada esteja por trás do furto ao Museu Olavo Cardoso, ocorrido no dia 28 de dezembro de 2020, em Campos dos Goytacazes. O crime peculiar e audacioso chamou a atenção da cidade, já que os bandidos encostaram um caminhão baú no museu desativado para carregar com itens pesados como móveis históricos. A polícia ainda não tem suspeitos, mas espera que a análise de digitais e imagens de câmeras de segurança possam contribuir com as investigações para apontar a autoria do crime.
“Foi um caso incomum e pode ter envolvimento de uma quadrilha bem específica. O mercado para vendas é restrito, de modo que os objetos levados não são vendidos em qualquer bazar. Pode ser que usem até a deep web”, comentou o delegado titular da 134ª Delegacia de Polícia (Centro), Ronaldo Cavalcante.
A deep web (Internet Profunda, em tradução livre), é uma área da Internet que fica “escondida” e tem pouca regulamentação, o que a torna um local mais fácil para crimes.
Também de acordo com Cavalcante, o processo que envolve a papiloscopia (identificação de digitais) é demorado, já que é preciso que o sistema compare as digitais com o banco de dados. E segundo o delegado isso pode levar até 20 dias.
Outra questão importante na elucidação do crime, de acordo Ronaldo Cavalcante, é fazer o inventário do que foi levado. “Para isso, é preciso ouvir os responsáveis pelo museu”, comentou.
A historiadora Graziela Escocard classifica o crime como um atentado à história local. Dos objetos de valor guardados no Museu Olavo Cardoso, localizado na Avenida Sete de Setembro, estavam porcelanas, lustres e mobiliários que pertenceram a Olavo Cardoso, usineiro e filantropo campista. Graziela destaca que o espaço era um museu-casa que não tinha uma pessoa específica nomeada para a direção.
“O mobiliário inclui cristaleira, mesa de jantar, com destaque para o jogo de quarto, com cama, guarda-roupa e cômoda. São itens históricos e muito valiosos no mercado de antiguidade. O fato de não ter alguém nomeado torna o local mais vulnerável”, ponderou.
Na análise da especialista, o crime foi cometido por pessoas que passaram um bom tempo estudando a rotina do local. “Alguns dos móveis precisam ser desmontados para passar pela porta, ou seja, não foi uma ação rápida. Certamente quem fez isso já sabia das condições e da rotina pouco movimentada do museu”, analisou Escocard.
A presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Auxiliadora Freitas informa que uma comissão de sindicância será criada com funcionários efetivos da Procuradoria do Município, a fim de acompanhar as investigações junto às autoridades policiais. A presidente informou ainda que, junto com uma equipe, vai fazer uma visita técnica ao Teatro de Bolso Procópio Ferreira, aos Museus e ao Palácio da Cultura nesta terça (5) para verificar a situação dos locais.
Museu
O museu, inaugurado no dia 6 de agosto de 2006, está instalado na antiga residência de Olavo Cardoso. Trata-se de uma construção do final do século XIX com 12 cômodos. De acordo com a vontade do usineiro, manifestada em testamento, a casa e o acervo foram doados após a morte de sua última herdeira.
Sobre o crime
O arrombamento seguido de roubo teria acontecido na madrugada do dia 28. O crime foi notado no dia 29, quando o registro de ocorrência foi feito na delegacia do Centro. A quadrilha participou da ação com um caminhão baú, talvez com o apoio de mais um veículo. Roubaram mobiliário, prataria, relógios antigos, computadores, inclusive o escritório de Olavo Cardoso, livros, quadros, e peças de arte. O Museu Olavo Cardoso estava fechado para visitação há vários anos aguardando reforma.
Fonte https://www.jornalterceiravia.com.br/2021/01/04/policia-civil-nao-descarta-envolvimento-de-quadrilha-especializada-no-roubo-do-museu-olavo-cardoso/#.X_Ob7HFvfIs.facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário