Aids
— o vírus do preconceito agride mais que a doença
Paiva Netto
O organismo humano é a mais
extraordinária máquina do mundo. Mesmo assim, falha. Contudo, com Amor, até os
remédios passam a ter melhor resultado. Por isso mesmo, a decisão da Assembleia
Mundial de Saúde, com o apoio da ONU, de instituir, desde outubro de 1987, o
primeiro de dezembro como o Dia Mundial da Luta contra a Aids, é de enorme
importância. Tanto que, no ano seguinte, nosso país adotou a data por meio de
uma portaria assinada pelo Ministério da Saúde.
Nossos Irmãos que padecem com o vírus HIV
e os que sofrem de outros males físicos, mentais ou espirituais precisam, em
primeiro lugar, de Amor Fraterno, aliado ao socorro médico devido. Se a pessoa
se sentir espiritual e humanamente amparada, criará uma espécie de resistência
interior muito forte, que a auxiliará na recuperação ou na serenidade diante da
dor. Costumo afirmar que o vírus do preconceito agride mais que a doença.
Aos que sofrem o abandono a que foram
relegados por antigos correligionários, por amigos de discussão intelectual e
até mesmo pelos seus entes mais queridos, o conforto destas palavras do saudoso
dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), cardeal-arcebispo emérito
de São Paulo, na sua tocante obra Da Esperança à Utopia — Testemunho
de uma Vida: “A graça de Deus não esquece ninguém nem se regula por
crachás. Basta lembrar o segundo capítulo do livro Gênesis para sentir como o
sopro de Deus infunde vida ao ser humano e lhe dá como companheira a Esperança
por toda a vida. (...) Afinal, o mundo é de Deus, e Deus está presente no
coração de cada pessoa, por menos que esta O sinta ou O exprima de viva voz.
(...) A utopia é a união de todas as esperanças para a realização do sonho
comum. Se realizarmos este sonho, teremos construído uma nova realidade”.
Longe do Amor Fraterno, ou Respeito, se
assim quiserem apelidá-lo, o ser humano jamais saberá viver em Sociedade
Solidária Altruística Ecumênica, porque a sua existência ficará resumida a um
terrível “cosmos”, o mesquinho universo do egoísmo. Por esse motivo, escreveu o
pensador e sociólogo francês Augusto Comte (1798-1857): “Viver
para os outros é não somente a lei do dever, mas também da felicidade”.
Trata-se de uma lição que ninguém deve esquecer em circunstância alguma.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br —
www.boavontade.com
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