Correios e desenvolvimento em cidades do interior

Correios e desenvolvimento em cidades do interior

Os Correios exercem um papel importante para as cidades do interior, principalmente as pequenas, com pouca disponibilidade de acesso a serviços públicos. Em várias localidades do País, a estatal é a única entidade governamental existente. Dos 5.570 municípios brasileiros, 60% não possuem qualquer atendimento dos principais órgãos do governo federal (INSS, Receita, IBGE, Justiças Eleitoral e do Trabalho). Quem se faz presente nesses lugares, garantindo o acesso a serviços públicos para os moradores? Os Correios, claro, pois estão em todos os municípios do Brasil.

A importância dos Correios nas cidades do interior pode ser ainda melhor compreendida quando observamos o segmento do comércio eletrônico no País. A expectativa de faturamento para este ano, com as compras via Internet, é de R$ 61,2 bilhões (dados da Webshoppers - ebit). Isso pode ser traduzido em muita necessidade de serviços de logística para realizar todas as entregas. Grande parte delas são feitas nas inúmeras cidades do interior do Brasil, que são numericamente a maioria dos municípios. Os Correios são parte dessa operação, garantindo a entrega de 1 milhão de encomendas todos os dias!

A maior parte das lojas de comércio eletrônico são de pequenos, médios e micros empreendedores. 90% delas possuem os Correios como forma de entrega e a maioria só usa os Correios, apesar de haver centenas de outras transportadoras no mercado. Elas são importantíssimas como agentes de incentivo a economias locais.

Nos últimos anos, os Correios adotaram uma série de melhorias de processos e chegaram a um índice de satisfação de 97,7% nas entregas. Esse índice é muito superior a outros operadores logísticos internacionais. Ele representa a capacidade de integração feita pela estatal entre diversos polos comerciais e municípios que precisam desse link para terem uma economia forte. Sem os Correios, várias cidades podem prosperar menos ou reduzir o crescimento econômico.

Na China, o governo tem feito um esforço de investimentos em cidades pequenas do interior do país, justamente para garantir o desenvolvimento delas. A estratégia é impulsionar a atividade agrícola, mas também os serviços de correios e comércio eletrônico, de maneira e integrar as localidades a polos comerciais desenvolvidos. A Administração Estatal de Correios, nos nove primeiros meses deste ano, fez o transporte de 284 mil toneladas de encomendas - aumento de 69% em comparação à mesma época do ano de 2018, por meio desse plano de investimentos.

A situação de pouco acesso a serviços públicos nas pequenas cidades brasileiras pode se agravar ainda mais com a medida proposta pelo governo federal de extinguir os municípios que têm menos de 5 mil habitantes e baixa arrecadação. Só em Minas, mais de 200 deixariam de existir. Sem Correios, sem administração municipal e sem outros órgãos que prestem serviços públicos, as populações dessas cidades terão que se dirigir a localidades mais longínquas para terem acesso a serviços públicos.

Serra da Saudade, por exemplo, na região Oeste de Minas, é a cidade menos populosa do Brasil. Se for extinta, teria que se fundir a Dores do Indaiá, a 45km de distância. O prefeito, Alaor José Machado, afirma que a medida é inconstitucional, que os moradores dos municípios que poderiam ser afetados deveriam ser ouvidos. Ele sente-se excluído da participação do atual governo. Assim como Serra da Saudade, mais de 1.250 municípios do País estão na mesma condição e podem de ter o acesso reduzido a serviços públicos que são importantes para o seu desenvolvimento e a integração econômica.

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