Juiz negou o pedido de prisão com o argumento de que o frei não oferece risco e os advogados estão colaborando com as investigações. No entanto, o juiz concedeu a quebra de sigilo dos dados telefônicos dele.
A Justiça negou, nesta terça-feira (10), o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil contra o padre investigado por atropelar um homem suspeito de furtar a Igreja São Sebastião, em Santa Cruz do Rio Pardo (SP). O Ministério Público havia recomendado o indeferimento do pedido. O juiz Pedro de Castro e Sousa negou o pedido de prisão com o argumento de que, embora haja gravidade na conduta, a Justiça entende que o frei Gustavo Trindade dos Santos, de 37 anos, suspeito do atropelamento, não oferece risco, e que os advogados dele estão colaborando com as investigações. "Não há indícios de possível reiteração delitiva ou de que o investigado se furtará a aplicação da lei penal, sendo possível a sua manutenção em liberdade neste momento, com o consequente indeferimento do pleito policial", explicou o juiz. No entanto, o juiz concedeu a quebra de sigilo dos dados telefônicos do frei, considerando que, até o momento, o investigado não se apresentou para ser ouvido. A decisão da Justiça determina que as empresas de telefonia forneçam os históricos de chamadas telefônicas, com todas as ligações e mensagens efetuadas e recebidas entre 7 de maio de 2022 e 9 de maio do mesmo ano.
O atropelamento
Segundo o boletim de ocorrência, Ângelo Marcos dos Santos Nogueira, de 40 anos, identificado como a vítima do atropelamento, furtou a casa paroquial da Igreja São Sebastião arrombando uma das janelas. Ele fugiu do local levando três moletons e uma camiseta. Os policiais militares foram chamados por testemunhas, que anotaram a placa do veículo. Pelas imagens dá para ver que o carro chega a entrar na garagem de uma loja de tintas. Ângelo foi socorrido com ferimentos graves e levado à Santa Casa de Misericórdia de Santa Cruz do Rio Pardo, onde passou por cirurgia. Ele ainda estava com as peças de roupa que tinha acabado de furtar, informou a polícia. O caso repercutiu nas redes sociais e o padre Júlio Lancellotti, conhecido por ações para ajudar pessoas em situação de rua na capital paulista, criticou a atitude do religioso no interior de São Paulo.
Apreende carro
O carro usado no atropelamento foi encontrado pela polícia e vai ser encaminhado para perícia. Segundo o boletim de ocorrência, a localização do veículo, na segunda-feira (9), foi informada por um dos advogados que representa o frei Gustavo. O carro, que pertence à diocese de Ourinhos (SP), estava no estacionamento do Colégio Dominicano, que fica nas dependências do Santuário Nossa Senhora de Fátima. Em nota, a diocese informou que o frei Gustavo "foi afastado de suas funções religiosas e se encontra disponível para livremente cooperar com a Justiça". Ainda de acordo com o boletim de ocorrência da apreensão, o veículo apresentava a parte da frente e as laterais danificadas. Três advogados que representam o frei procuraram a polícia ainda na segunda-feira, mas não deram informações sobre a sua localização. Ele é esperado na delegacia para prestar depoimento. O caso é investigado como tentativa de homicídio e omissão de socorro, uma vez que o padre fugiu do local sem socorrer a vítima. A polícia também apura o furto na secretaria paroquial. Por esse crime, Ângelo foi preso em flagrante e deve passar por audiência de custódia quando receber alta do hospital. A polícia ainda investiga se ele foi o autor de outro furto no mesmo local registrado um dia antes.
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