segunda-feira, 30 de maio de 2022

Espécie rara e em extinção é atropelada no Km 162 da MG 111(Corte de Pedra). Nesse período de seca os animais silvestres andam mais atrás de alimentos e água e as rodovias são um risco eminente. Atenção Motoristas.


Espécie rara e em extinção é atropelada no Km 162 da MG 111(Corte de Pedra). Nesse período de seca os animais silvestres andam mais atrás de alimentos e água e as rodovias são um risco eminente. Atenção Motoristas. 
Segundo o Biológo Michael, nosso colaborador, "é um Cerdocyon thous. Conhecida como Graxaim-do-mato, cachorro-do-mato, raposa, lobinho...
É uma espécie de canídeo endêmico da América do Sul e com ocorrência em nossa região também".
Nesse trecho da Rodovia é um lugar de travessia e comumente atravessando várias espécies são ali avistadas. Recentemente avistamos uma preguiça albina atravessando. 
Confiram a publicação CICLO VIVO sobre o tema importante:

Atualmente diversos estudos comprovam que a nossa fauna silvestre está em risco, principalmente devido às intervenções humanas no meio ambiente.

Entre as principais ameaças à sobrevivência dos animais silvestres, podemos citar o desmatamento e perda de habitat, as queimadas, a poluição, a introdução de espécies invasoras em algumas regiões e os atropelamentos em rodovias.

Neste artigo irei abordar apenas a questão do atropelamento, que atualmente é considerado uma das maiores ameaças à nossa biodiversidade!

Os números obtidos através de estudos realizados pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) são assustadores: diariamente mais de 1,3 milhões de animais silvestres morrem atropelados nas rodovias brasileiras, portanto, são 475 milhões de mortes por ano.

Alex Bager (doutor em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professor na Universidade Federal de Lavras), realizou um estudo para estimar a quantidade de mortes de animais nas rodovias do Brasil.

Para isso, utilizou as taxas de atropelamento de 14 artigos científicos publicados no Brasil em nove Estados, em diferentes biomas. Os dados foram extrapolados para toda a malha de estradas do Brasil (1,7 milhão de quilômetros), considerando as diferenças entre elas (de terra ou de asfalto e se era federal, estadual ou municipal).

Os resultados mostraram que os anfíbios, répteis, as aves e os pequenos mamíferos são as principais vítimas, pois morrem aproximadamente 430 milhões de pequenos animais anualmente. Os outros 45 milhões se dividem em 40 milhões de animais de médio porte como os gambás, lebres, macacos e tamanduás e 5 milhões compreendem os animais de grande porte como onças, lobos-guarás, antas e capivaras.

Com os resultados das pesquisas, será possível identificar quais são os lugares no Brasil de maior impacto para cada espécie, quais trechos de rodovia deverão implementar medidas para reduzir os atropelamentos e quais são os maiores riscos para essas populações.

Além disso, os estudos incentivaram a criação do projeto de lei 466/2015 que está em tramitação na Câmara, que institui a adoção de medidas para assegurar a circulação segura de animais silvestres pelo País.

Não é só no Brasil que o problema existe, pois em diversos países foram desenvolvidos estudos para comprovar os impactos provocados pelas rodovias sobre a fauna silvestre, com o objetivo de minimizar seus impactos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a mortalidade de fauna devido aos atropelamentos já superava a quantidade de indivíduos abatidos pela caça desde a década de 90.

O efeito barreira e a fragmentação de habitat têm efeito direto sobre a diversidade biológica dos ambientes cortados por rodovias, pois os estudos mostram que há relação entre a implantação de uma rodovia e o declínio na diversidade genética de populações de fauna nos fragmentos que foram cortados pelo trecho.

Os impactos negativos das rodovias ocorrem desde a fase de construção até sua operação, com efeitos diretos e indiretos sobre a fauna: perda de hábitat, dispersão e introdução de espécies exóticas, efeito de barreira, distúrbios comportamentais por ruídos, abandono de áreas e mortalidade por atropelamento.

A construção de estradas e rodovias também causa uma grande perda de território para os animais porque remove uma grande parte da cobertura vegetal original, além de dividir o habitat.

Para passar de uma parte da mata para a outra, os animais acabam sendo atropelados. Mesmo em áreas onde a vegetação nativa não existe, ou em áreas de pastagens onde predominam atividades agropecuárias, diversas espécies da fauna silvestre precisam atravessar as rodovias.

Os problemas acontecem porque a maioria dos projetos das rodovias não prevê medidas de proteção com a fauna e falta infraestrutura adequada, pois a preocupação com os animais silvestres na construção de estradas é recente.

Além disso, normalmente a sinalização é precária os motoristas não respeitam os limites de velocidade e as placas de aviso. O Brasil tem milhares de quilômetros de rodovias que atravessam santuários ecológicos e em praticamente todas elas, o atropelamento da fauna é um grande problema.

Para minimizar o problema já existem alternativas e exemplos de sucesso em outros países e até mesmo no Brasil. Na Alemanha, onde as estradas são consideradas as mais corretas ecologicamente do planeta, são utilizadas cercas que impedem o acesso dos animais à pista, além de viadutos para que possam realizar a travessia em segurança.

No sul da Flórida, nos Everglades, uma imensa área de pântanos ao nos EUA, as rodovias de alta velocidade foram construídas de forma suspensa nos trechos de maior concentração da fauna. As estruturas construídas para a passagem de animais ajudam a prevenir a morte direta e também a restabelecer a conexão entre os fragmentos de mata.

No Brasil, na rodovia BR-262/MS, no trecho que atravessa o Pantanal Sul-Matogrossense, foram desenvolvidos estudos para a identificação da fauna mais susceptível e dos pontos de maior ocorrência de acidentes. Foram instalados dispositivos de proteção nas obras, como cercas de proteção e direcionamento a passagens de fauna, redutores eletrônicos de velocidade e sinalização de advertência, além de um intenso programa de conscientização para os usuários.

No Rio Grande do Sul, em parceria com o IBAMA e ICMBio, desde 1998 foi implementando um Sistema de Proteção à Fauna na BR-471/RS, nos trechos em que a rodovia atravessa a Estação Ecológica do Taim.

Foram instaladas passagens de fauna e telas direcionadoras para impedir atropelamentos, sinalização educativa e de advertência aos motoristas e redutores de velocidade. Em algumas regiões também são utilizados aparelhos que emitem ondas ultrassônicas para afastar os animais da rodovia.

Outra alternativa considerada relativamente de baixo custo é a instalação de pontes de corda (também chamadas de pontes de dossel) para possibilitar a travessia de animais como primatas e roedores. São passagens construídas com cordas ou cabos de aço ligando o dossel da floresta entre dois lados de uma estrada.

As ações para reduzir os atropelamentos devem utilizar diversas ferramentas, analisadas e adequadas para cada região.  Apesar da implantação de estruturas para evitar atropelamentos ser muito importante, a conscientização dos motoristas e da população que vive em locais de maior risco é fundamental para evitar acidentes.

Um estudo na Austrália sugere que uma redução de 20% na velocidade diminuiria em 50% a mortalidade, portanto, a educação no trânsito é de grande importância.

Desde que a estimativa dos 475 milhões foi proposta, diversas pesquisas estão sendo desenvolvidas no Brasil para avaliar a situação dos animais silvestres, principalmente os que estão sob ameaça de extinção. O Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas, com sede na Universidade Federal de Lavras desenvolveu o Sistema Urubu, considerada atualmente a maior rede social de conservação da biodiversidade brasileira.

A proposta deste sistema é reunir, sistematizar e disponibilizar informações sobre a mortalidade de fauna selvagem nas rodovias e ferrovias brasileiras. Desta maneira, o projeto pode subsidiar e auxiliar tanto o governo quanto as concessionárias na tomada de decisão para redução destes impactos.

Qualquer pessoa pode contribuir com o Sistema Urubu, pois através de um aplicativo de celular é possível enviar informações sobre animais observados mortos em nossas rodovias.

Outra maneira de contribuir é respeitar placas de sinalização e limites de velocidade. Para saber mais, visite o site do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas: http://cbee.ufla.br/portal/index.php

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