Há muito ainda a ser feito
Paiva Netto
Por ocasião do High-Level Segment 2007, do Conselho Econômico e Social das Nações
Unidas (Ecosoc), no qual a Legião da Boa Vontade possui status consultivo geral, a LBV lançou a publicação Globalização do Amor Fraterno. Nela,
entre outros assuntos, escrevi:
Olho para o mundo e penso que não
pode ser considerado liberto quem anda faminto; quem passa diante de um
colégio, mas não pode frequentá-lo, porque os pais não têm dinheiro para
comprar-lhe o material escolar; quando na TV, mesmo hoje, aos negros sobram
papéis secundários e faltam os de projeção no enredo; quando a mulher recebe
salários inferiores aos dos homens; quando a droga força a porta das casas das
famílias; quando os ricos, para sair à rua, precisam blindar seus carros e, até
assim, não se sentem seguros; quando os pobres vivem no aconchego do lar sob o
risco de balas perdidas; quando os enfermos não possuem a assistência devida;
quando o respeito à liberdade de expressão está sob ameaça constante. Enfim,
quando qualquer pátria potencialmente forte, porém com expressiva parte da
população ainda na indigência, não alcançou a autonomia espiritual verdadeira,
porque tudo tem início na Alma das criaturas: tanto o acerto como o desacerto.
Daí a necessidade urgente de instruir, educar e espiritualizar com o Ecumenismo
dos Corações. Trata-se de um desafio no oceano encapelado pela indiferença de
alguns à situação dos indivíduos ou de seus povos. Contudo, constitui uma das
mais avançadas decisões que a humanidade é capaz de enfrentar e tornar
auspiciosa realidade. O Amor Fraterno é o mais potente instrumental para a
libertação do ser humano.
A propósito, Cícero (106-43 a.C.), grande tribuno romano, grafou: “Dentre todas as sociedades, nenhuma há mais
nobre e mais estável que aquela em que os homens estejam unidos pelo Amor”.
Eis por que — estimados ouvintes e
leitores e respeitáveis leitoras e ouvintes que me honram com sua atenção — o
isolacionismo, quando caracterizado pela ilusão do orgulho espiritual, social e
político, há sempre de se render, um dia, ao contagiante sentimento de
Solidariedade Espiritual e Humana. O saudoso fundador da Legião da Boa Vontade,
Alziro Zarur (1914-1979), ensinava: “Deus criou o ser humano de tal forma que
ele só pode ser feliz praticando o Bem”.
(...) Para os que têm “olhos de ver e ouvidos de ouvir”, a
humanidade, em razão das extraordinárias ferramentas que conquistou a duras
penas pelos milênios, jamais presenciou tempos tão prósperos de transformação
semelhantes a estes. Mas uma providência é questão vital para que não se perca,
como outras vezes ocorreu, tamanho ensejo: reeducar, ecumenicamente
espiritualizando, as massas populares e defendê-las das águias-rapaces, que,
pela corrupção, desviam os meios necessários à melhoria do quadro penoso em que
vivem.
Conforme afirmei em meu artigo
”Máquina humana e óleo do sentimento”, é preciso instruir-se, educar-se,
reeducar-se, para com eficiência instruir, educar e reeducar.
Eis que a Educação, quando acertada,
liberta. E, com a Espiritualidade Ecumênica, sublima.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br —
www.boavontade.com
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