Jornalista, ela se encantou pela área educacional e auxilia no relacionamento de pais, jovens e escolas: "Acredito na educação como forma de transformação humana"
Dizem que nada na vida acontece por acaso e, por mais que não percebamos, o destino sempre tem uma rota traçada para cada ponto de nossa existência e, uma hora ou outra, os caminhos mudam e tudo passa a se encaixar e fazer mais sentido.
E foi exatamente isso o que aconteceu com a jornalista Carolina Delboni, que hoje atua como educadora, escritora e é uma das maiores especialistas em comportamento adolescente no país. Nascida em São Paulo, ela se formou em Jornalismo e exerceu a profissão, na editoria de moda, por 15 anos.
Mas, quando seu filho mais velho entrou na importante fase de alfabetização e precisou mudar de escola, a vida profissional de Carol começou a tomar um novo rumo. “Colocamos ele numa escola de pedagogia Waldorf (linha que procura integrar o desenvolvimento intelectual, físico, artístico e espiritual dos alunos). E isso me fez pesquisar o que era essa pedagogia. Ali foi a primeira vez que fui estudar algo sobre educação”, conta Carolina.
Ela revela ainda que, nessa época, seus outros dois filhos estavam iniciando na educação infantil e, a partir então, através da pedagogia Waldorf, a maternidade a colocou em um lugar de se questionar e repensar a vida. “Comecei a pensar nos caminhos da vida, o que estava fazendo, se queria continuar fazendo aquilo, ou não... Foi quando questionei a moda, e decidi sair daquele Jornalismo que fazia”, pontua Carol.
Novos rumos
Depois de empreender por um tempo em uma grife de moda infantil, ainda em paralelo com o jornalismo, Carol Delboni precisou de um período sabático para colocar os pensamentos em ordem. Após essa pausa, uma nova oportunidade surgiu em sua carreira. “A Mônica Figueiredo, editora da Pais&Filhos, me chamou para trabalhar na revista, e aí entrei na área de parentalidade. Foi quando juntei meu universo da maternidade, com o jornalismo”, relembra Carolina.
Em 2015, O Estadão fez um convite para que Carol assinasse um blog. No espaço ela falava sobre as experiências da maternidade com seus três filhos e suas vivências pessoais, mas ainda assim se questionava sobre como usar aquele veículo para, realmente, tocar em assuntos importantes e que pudessem ajudar outras pessoas.
“Não queria falar nem do lugar da jornalista, nem da mãe, mas sim da especialista em educação. Acredito na educação como forma de transformação social, transformação humana... E resolvi usar a educação para fazer aquele espaço ganhar um significado”.
Já com a ideia de se dedicar à educação, Carolina Delboni fez pós-graduação em educação infantil e se encantou, ainda mais, pelo assunto. “Eu me perguntei porque não tinha ido parar ali antes. E fui fazer pedagogia, me graduei nesta segunda faculdade, fiz estágio, e passei a trabalhar em escola”, conta Carol.
E foi justamente durante seu trabalho em escolas que Carol Delboni passou a direcionar mais sua atuação, para um nicho pouco explorado e muito carente de orientação: os adolescentes!
Olhar aos adolescentes
“Comecei a observar que existia um limbo, um buraco gigantesco na passagem da educação infantil para o ensino fundamental. Há uma mudança muito radical. O adolescente perde um espaço enorme na escola. É como se eles fossem sendo reduzidos, confinados a um canto do colégio. Acham que basta dar uma quadra, ou qualquer espaço, que eles se viram. E não é assim...”.
Carol explica que estar dentro da escola lhe proporcionou observar melhor a adolescência (além de sua experiência de mãe de três jovens) e com isso ela notou o tremendo GAP que existe nessa fase da vida dos alunos. “A partir daí fui estudar a adolescência, fiz cursos e formação em psicanálise, com abordagem na adolescência, e passei a me comunicar com esse público, com os pais e educadores”.
Durante o período da pandemia da Covid-19, a atenção da educadora para os adolescentes ficou ainda mais aguçada e ela percebeu a importância de um olhar mais generoso e orientador, tanto para as problemáticas desses jovens, quanto para os pais. “Passei a usar o blog no Estadão para falar com pais e trazer as questões dos adolescentes e da adolescência. São coisas angustiantes, que os jovens não sabem como lidar: transtornos mentais, autoestima, ansiedade, cobranças, bullying e redes sociais.... Uma série de desafios do mundo atual”.
Atualmente, além da experiência prática com os filhos adolescentes, Carol segue trabalhando em escolas, onde abastece e enriquece dia a dia seu repertório, além de conviver, de perto, com as questões dos adolescentes. “Meu trabalho é fazer essa interface entre a educação e a adolescência, e colaborar tanto para esse ambiente escolar, educacional, quanto para a relação pais e filhos, para que haja uma partilha mais generosa e gentil”.
Além de sua atuação em colégios, Carolina Delboni leva seu conhecimento especializado em educação adolescente para eventos e palestras por todo o Brasil, e é hoje uma fonte muito requisitada para os mais variados veículos de comunicação que tratam das questões da adolescência. Com todo seu conhecimento, prático e teórico, a especialista lançou este ano o livro Desafios da Adolescência na Contemporaneidade (Summus, 2023), que já se firma como importante bibliografia para pais de adolescentes e educadores.
Carolina Delboni: @carolina_delboni - Educadora e pesquisadora do comportamento adolescente, formada em psicanálise da adolescência, colunista do Estadão e autora do livro Desafios da Adolescência
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