Jornalista foi pela atuação no esporte (Foto: Arquivo pessoal)
Após 18 anos do início da construção, o Ginásio Poliesportivo Jornalista Antônio Marcos Nazaré Campos, com cerca de 7 mil metros quadrados e capacidade para 5 mil pessoas, foi inaugurado na sexta-feira (30). Para entender mais sobre quem foi a personalidade que dá nome ao estádio, a Tribuna conversou com três familiares de Antônio Marcos, falecido em 2005, aos 31 anos, após um acidente de carro. Natural de Miradouro, o jornalista veio para Juiz de Fora quando tinha 16 anos. Na cidade, ele estudou no Colégio Academia e se graduou na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Em Juiz de Fora, o jornalista trabalhou em projetos da rádio e da TV universitárias e estagiou na Rádio Solar. Quando formou, esteve na TV Tiradentes, afiliada do SBT, e na TV Panorama, afiliada da Rede Globo, atual TV Integração, na cidade de Barbacena. Ele também participou do Globo Esporte, programa de esportes que a TV veiculava. Em 2005, em Brasília, Antônio Marcos recebeu o prêmio Bola de Ouro, considerado o Oscar do jornalismo esportivo. Suas reportagens eram conhecidas por ser “humanizadas e focadas nos personagens”, conforme diz a sua sobrinha e afilhada, Amanda Ferreira.
“Queria sentir na pele”
A irmã mais velha de Antônio Marcos, Maria José Campos, conta que desde pequeno o irmão sonhava ser jornalista. “Antônio sempre foi muito especial, alegre e expansivo. Tinha o dom de se comunicar desde cedo. Uma vez, ainda criança, a família estava reunida assistindo jornal na televisão, e ele nos prometeu que um dia estaria lá”. Ele foi em busca do sonho, e, mesmo jovem, conseguiu realizá-lo.
“Você entrava nas matérias e era prazeroso de assistir, por causa do carisma. Ele nunca teve vaidade, mas tinha uma repercussão muito grande, porque o Antônio sempre ia em busca dos profissionais que estavam esquecidos. Ele queria sentir na pele, viver, e não só falar. Era um jornalismo humanizado, mais voltado ao ser do que ao ter. Era feliz fazendo o seu trabalho, e as pessoas o reconheciam nas ruas”, relembra Maria José. Segundo a sobrinha Amanda, Antônio fez uma matéria com um corredor, e pouco tempo depois, o atleta foi convidado para correr na África do Sul. “Ele fazia a diferença na vida das pessoas”, afirma.
Ligação com o esporte
Conforme a família, Antônio sempre foi apaixonado por esportes. “Achamos, há um tempo, roupas de criança dele do Flamengo. Ele fez o seu TCC sobre o Zico, inclusive conheceu e entrevistou o ídolo”, conta Maria José. Já Amanda lembra que para o jornalista, toda pauta esportiva era especial. “Vemos a mídia muito voltada para o futebol, mas o Antônio Marcos chega para mostrar que há vários esportes e que todos eles precisam ser vistos e terem a mesma visibilidade. Ele cobria até campeonato de peteca, e transformava a matéria. Qualquer coisa que desse na mão dele, vinha algo grande, pelo amor”.
Também jornalista, a sobrinha considera que Antônio Marcos foi revolucionário no jornalismo esportivo. “Deveria ter uma disciplina na faculdade para que os alunos o estudassem. Ele humanizou o jornalismo esportivo, sempre querendo escutar e saber sobre as pessoas”. Na visão da irmã, “por esse carisma, por mudar a energia do local, ele se tornou a pessoa popular que foi. O tempo que viveu foi suficiente para fazer tudo com coração e alma e deixar seu nome na história”.
Inspiração para o filho
Em 2004, oito meses antes do acidente que culminou na sua morte, Antônio Carlos se tornou pai de Thiago Campos, hoje com 18 anos. O jovem, inclusive, irá seguir os caminhos do pai: foi aprovado para o curso de Jornalismo na UFJF, e começará em agosto. “Quero seguir na profissão. Não necessariamente fazendo o que ele fazia, mas me espelhando muito na pessoa dele. Ser um repórter marcante do jeito que ele foi é difícil, prefiro seguir a área acadêmica”, planeja Thiago.
Mesmo que não tenha tido contato com o pai, Thiago se orgulha das histórias que lhe são contadas. “Tudo que me falam são memórias boas que tiveram com ele, que tinha uma presença muito forte e deixava todo mundo alegre. Tenho muito orgulho de ser filho dele, pelo trabalhador Antônio Marcos, mas principalmente pela pessoa que era. O carinho que o povo tem transparece em mim, as pessoas me olham e já me tratam bem”, destaca Thiago.
Nome imortalizado
Como não podia ser diferente, o nome de Antônio Marcos estar presente no Ginásio Municipal é um orgulho para toda a família. “Tantas pessoas que já passaram nesse período em Juiz de Fora, mas o nome dele é que ficou marcado. Quantas pessoas irão passar por ali e vão se perguntar quem é o Antônio Marcos? Isso que conta na vida”, comemora Maria José. Para Amanda, o mais importante é que “o ginásio terá novos jogadores, pessoas com sonhos, que irão querer saber sobre ele. A tendência é as pessoas serem esquecidas, mas quanto mais tempo passa, mais lembram dele”.
Nas palavras do filho, Antônio estaria orgulhoso com a homenagem, por ser entusiasta do esporte. “Ter o nome dele imortalizado em uma obra dessa magnitude é impressionante. Ele certamente está feliz, assim como nós”.
Fonte Tribuna de Minas.
Título Nosso.
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