A cafeicultura faz parte da vida da família
Diniz há quatro gerações, mas só nos últimos anos a produção de cafés especiais
tem ganhado espaço entre eles. A proposta de investir em qualidade chegou pelos
mais jovens. A primeira a se interessar pelo novo processo foi Josiane Diniz,
de 21 anos, pouco tempo depois o irmão mais velho, Fabiano Diniz, de 26 anos,
trocou o emprego de caminhoneiro pelo sonho do café especial.
A comercialização dos grãos de qualidade
superior do café Alto da Serra só começou em 2019, mas desde 2016 os irmãos
estão focados nessa missão, com o incentivo e o apoio dos pais Josias e
Claudineia Diniz e do avô Adão Diniz que aos 84 anos segue firme no trabalho
campo.
‘Nasci no meio do café. Meu pai era
comprador, há época. Eu saí porque a atividade não me interessava muito.
Trabalhei no caminhão por três anos carregando insumos para café e café. Um dia
pensei: ‘se for para trabalhar com café que seja com o meu’. E voltei para casa
com a intenção de fazer algo diferente, que foram os cafés especiais”, relatou
Fabiano.
O entusiasmo do irmão contagiou a irmã que
já estava desanimada e tendendo a seguir os passos da família apenas com o café
tradicional. Mas além do trabalho diferenciado no processo de colheita e
pós-colheita, os irmãos também precisavam descobrir o mercado para os cafés
especiais, e Fabiano também passou a focar na comercialização.
“Na primeira safra não vendi nada. Na
segunda, em 2019, consegui vender uma saca e meia por um preço três vezes acima
do tradicional. Em 2020 foram 30 sacas e para mim foi uma vitória. Em 2021
consegui me destacar em concursos e abrir mais mercado”, contou o jovem.
O café Alto da Serra foi o segundo colocado
no Torneio Melhor Café Fairtrade do Brasil – Golden Cup, com nota 86,95, e o
quatro melhor café do estado da região das Matas de Minas no concurso de
qualidade realizado pela Emater, com 89, 79 de pontuação. “Fiquei bem colocado e este ano quero ser o
campeão”, afirmou Fabiano que após as vitórias, viu seu café ganhar o mundo
comercializando para o Japão, Dinamarca e Alemanha.
Capacitação
Fabiano é estudante de Cafeicultura no IF
Sudeste e não perde a oportunidade de fazer os treinamentos do Sistema FAEMG
oferecidos em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Manhuaçu. Já
participou de cursos de Classificação e Degustação de café, Torra, e Barista
Ele destacou que os cursos o ajudam em todas as etapas. Desde o manejo na
lavoura até o café estar na xícara.
“Se eu não soubesse classificar eu não
saberia qual café é o melhor, se eu não soubesse torrar estragaria um bom café
nesse processo e se eu não soubesse preparar, com os ensinamentos de barista,
estragaria tudo na hora de servir a bebida. Por isso aproveito todo o
conhecimento que o SENAR nos traz”.
Sobre o curso superior que frequenta, o
jovem destacou que também coloca tudo em prática. Direto da sala de aula, para
a lavoura. “Muitos estudam para sair da roça. Eu estudo para ficar e conseguir
ser cada vez melhor na atividade. Quanto mais conhecimento eu tiver que possa
ser encaixado à minha realidade, eu quero absorver”.
ATeG
Desde o final de 2021, a família faz parte
do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Café+Forte. Quem os
acompanha é a técnica de campo Jéssica do Carmo. Para ela, o programa vai
fortalecer o viés empresarial de Fabiano ao ajudá-lo a conhecer seus custos, e
alavancar a qualidade dos cafés que eles já produzem.
“O Fabiano tem um grande potencial porque
trabalha tanto nos tratos culturais quanto na comercialização. Essa
característica tem feito a diferença pare ele. Já estabelecemos algumas metas
que são: aprimorar o sensorial, para melhorar as notas do café, trabalhar a
nutrição e o controle de doenças, comuns na área devido à altitude”, pontuou
Jéssica.
O jovem cafeicultor já está vendo as
mudanças positivas que o programa proporciona. Segundo ele, o ATeG o auxilia a
conhecer os custos de produção e administrar o negócio. “Organização que é algo
que, infelizmente, eu não tinha. Gerenciar melhor a fazenda, me ajuda a saber
realmente quanto eu estou ganhando e quanto eu posso investir. Fizemos, com a
técnica de campo, o resgate do custo de produção da última safra, e descobri
que tive lotes de R$406 reais de custo que eu consegui vender por R$5 mil. Essa
informação me animou a investir mais”.
Investimentos
Atualmente a família Diniz está investindo
no plantio de variedades exóticas. Na lavoura, o foco é fazer com que 100% da
produção da fazenda, cerca de 500 sacas, seja de cafés especiais. E em toda a
estrutura da propriedade, a ideia é ser cada vez mais sustentável investindo em
equipamentos que economizem água, e adotando o uso de sistema de energia solar.
“Queremos gastar o mínimo para produzir o máximo em qualidade e quantidade”,
concluiu Fabiano.
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