Movimento cada vez mais intenso, o resgate histórico de personagens com identidades e trajetórias suprimidas está completando várias lacunas históricas.
Quem foi José Rebouças, irmão mais novo dos célebres André e Antônio, tão relevante no desenvolvimento de ferrovias, mas que não teve a mesma projeção? Como foi o processo de letramento de Luiz Gama? Quais os obstáculos vencidos pela doutora Maria Odília Teixeira, primeira médica negra brasileira? Como é a “árvore genealógica” de Maria Firmina dos Reis, as vivências e motivações literárias da abolicionista? Para conhecer estas e outras biografias de pessoas invisíveis, mais até do que silenciadas, chega em novembro o livro Vidas impressas - Intelectuais negras e negros na escravidão e na liberdade, organizado por Iamara Viana e Flávio Gomes. A obra apresenta ainda quem foi “João da Fausta”; Padre Vitor, o primeiro beato escravizado; Besouro Mangangá; Mestre e Vicente Ferreira Pastinha e Mestre Pastinha, capoeiristas classificados como intelectuais orgânicos brasileiros, e muitos outros.
Do outro lado do oceano Atlântico, o resgate da história do que hoje são o Sudão, Mali, Senegal, Angola, São Tomé e Príncipe, e, mais ao sul, Moçambique, a Selo Negro Edições é tema do livro Pegadas no Rio, Sombras no tempo - Biografias, histórias de vida e trajetórias africanas, organizado pelos pesquisadores Matheus Serva Pereira, Silvio de Almeida Carvalho Filho e Washington Nascimento. Convidativo e reflexivo, o livro trata das diversas formas de ler o continente africano, as questões levantadas pelos autores representam um estímulo para questionamentos e para novas discussões de caráter epistemológico enriquecendo debates teóricos.
Movimento cada vez mais intenso, o resgate histórico de personagens com identidades e trajetórias suprimidas está completando várias lacunas da ancestralidade negra. Como já é tradicional por décadas, o Grupo Summus conta com grandes autores, estudiosos da temática da representatividade racial e, pela Selo Negro Edições está lançando duas grandes obras neste Mês da Consciência Negra. São dois títulos dedicados às biografias de brasileiros e africanos que contribuíram de diversas formas para a emancipação, mas que foram ignorados nos registros e, somente agora, estão sendo redescobertos nas pesquisas.
Seguem aqui os textos de quarta-capa dos dois lançamentos deste mês de novembro, na intenção de que sejam avaliados para resenhas ou outra forma de abordagem:
Vidas impressas – Intelectuais negras e negros na escravidão e na liberdade
Selo Negro Edições
Organizadores: Iamara Viana e Flávio Gomes
280 páginas - 17 x 24cm - R$99,90 (e-Book - R$59,90)
Durante a escravidão e as primeiras décadas do pós-abolição, diversos homens e mulheres que atuavam como jornalistas, advogados, artistas, padres, médicos, engenheiros, poetas, escritores e educadores pensaram e escreveram sobre o Brasil. Essa produção, na maioria das vezes invisibilizada pelo racismo, propôs utopias, criticou as desigualdades e refletiu sobre diversas dimensões da vida pública brasileira. Este livro visa jogar luz sobre o pensamento e as ações desses intelectuais negros e negras. Que estratégias utilizaram para se fazer reconhecidos? Que caminhos tiveram de trilhar para burlar um sistema opressor, que buscava apagá-los da história? Nesta obra, que reúne pesquisadores de todo o Brasil, o leitor encontrará interpretações originais sobre personagens negras e negros dos séculos XIX e XX e sobre suas contribuições em diversos campos. Do conhecidíssimo Luiz Gama ao primeiro beato negro do Brasil, passando por nossa primeira médica negra e por uma de nossas maiores escritoras, os textos aqui presentes descortinam um passado histórico rico em conhecimento e resistência. Fotos e ilustrações compõem a obra.
Pegadas no rio, sombras no tempo - Biografias, histórias de vida e trajetórias africanas
Selo Negro Edições
Organizadores: Matheus Serva Pereira, Silvio de Almeida Carvalho Filho e Washington Nascimento
288 páginas - 17 x 24cm - R$99,90 (e-Book - R$59,90)
Resultado dos trabalhos do grupo de pesquisa Áfricas: Sociedade, Política e Cultura (Uerj-CNPq), este livro nos convida a conhecer biografias, histórias de vida e trajetórias de personagens pouco abordadas na historiografia africana, contribuindo para problematizar não só as grandes narrativas ocidentais como o próprio exercício de construção histórica. Nesse sentido, nos lembra que também o ato de narrar a África por africanos sempre está atravessado por disputas de poder e entrelaçado em contextos políticos, sociais e culturais específicos, que não podem ser desconsiderados. Os textos aqui reunidos abarcam um vasto período (da antiga civilização cuxita, no Sudão do século I AEC, ao Moçambique do século XXI) e nos levam a percorrer diferentes regiões da África, explorando temas como o papel do feminino, a formação de elites locais, racismo, resistência, emancipação, construção de heróis e nacionalismo, entre outros. A diversidade de personagens, escolhidas por seu protagonismo em diferentes contextos, dá visibilidade às muitas camadas do que significa ser africano. A obra traz ilustrações que enriquecem os depoimentos e personificam as biografias.
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