Escritor, gestor e pós-graduado em Psicopedagogia, Orlany Filho reflete sobre a importância de quebrar paradigmas para viver com entusiasmo e deixar de lado as frustrações
O início do ano costuma ser um período de renovações, quando as pessoas definem metas para os meses que estão por vir e buscam a coragem para tirar muitos sonhos do papel. Essa chance de recomeçar e de lutar por uma vida plena, seja no meio profissional ou no pessoal, é o que a protagonista do livro Bianca Amorim, de Orlany Filho, procura durante toda a narrativa.
Escritor e gestor com décadas de experiência no mundo corporativo, ele conta a história de uma mulher frustrada devido às experiências no mercado de trabalho e a violências no relacionamento amoroso. Imersa nessa realidade, a personagem começa a tomar atitudes que a levam para mais perto de sua essência.
“Do meu ponto de vista, desafiar normas e convenções é naturalmente um atributo da realização dos sonhos. Ou nos encorajamos a realizar nossos sonhos quebrando paradigmas e ultrapassando nossas fronteiras, ou ficamos estagnados onde estamos com o ofício débil de apenas sonhar, transformando nossa existência num celeiro de frustrações acatadas”, afirma o autor.
Confira entrevista completa:
1 - O livro é protagonizado por uma mulher e trata de dilemas e desafios muito específicos do universo feminino. Como foi o processo de criação da personagem, e que pessoas ou situações serviram de referência?
Orlany Filho: Eu observei que as mulheres acumulavam uma carga desproporcional, tendo que cuidar da casa, do orçamento, do marido, dos filhos, dos pais, de si mesma, além de serem pressionadas pelo avanço da carreira profissional, desencadeando nelas importantes sequelas patológicas. Acolhi profissionais chorando pelos corredores, assoladas pelos seus desafios e seus conflitos, demostrando suas fraquezas num momento de dor emocional, mas que posteriormente demostraram força na conquista da ascensão profissional superando as mais adversas situações possíveis. Daí surgiu a inspiração para a criação da personagem Bianca Amorim.
2 – Ao longo do livro, a protagonista passa por uma transformação onde muitas de suas certezas são abaladas. Na sua opinião, qual a importância de desafiar normas e convenções para seguir sonhos?
O.F.: Do meu ponto de vista, desafiar normas e convenções é naturalmente um atributo da realização dos sonhos, e isso é absolutamente de suma importância. Ou nos encorajamos a realizar nossos sonhos quebrando paradigmas e ultrapassando nossas fronteiras, ou ficamos estagnados onde estamos com o ofício débil de apenas sonhar, transformando nossa existência num celeiro de frustrações acatadas.
3 - Você tem muitos anos de experiência no mercado de trabalho como gestor. De que forma essa vivência influenciou na escrita de Bianca Amorim?
O.F.: O ambiente dentro das organizações ainda era hostil à ascendência profissional das mulheres. O preconceito, a discriminação e os assédios fundamentados numa cultura machista somados à falta de valorização adequada e da isonomia salarial impactavam demais as saúdes mental, física e emocional delas. Como gestor, isso sinceramente me incomodava demais. Eu precisava falar sobre isso. Escolhi a escrita como forma de dar voz ao universo feminino. E que essa voz chegasse eloquentemente ao universo masculino.
4 - Em Bianca Amorim, a protagonista se vê sobrecarregada com os desafios da vida profissional e questões familiares, além de sofrer com um relacionamento abusivo. A partir da sua perspectiva no mundo corporativo e na literatura, como é possível alcançar um equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional?
O.F.: Com políticas intensificadas e massivas de conscientização para desconstrução do machismo hegemônico, inclusive desde o ensino fundamental, para que os homens respeitem as mulheres e dividam as tarefas domésticas com elas de forma sistemática e não esporádica. Isso já ajudaria a aliviar as pressões domésticas. E que essa política fosse refletida no universo corporativo e fizesse parte da Cultura Organizacional das empresas de forma absolutamente aplicável. Denunciar as práticas abusivas, tanto na vida pessoal quanto na profissional das mulheres, através da literatura e das artes, em geral, é um instrumento de transformação social, que pode contribuir para a mudança desse cenário.
5 - Bianca encontra nas artes uma forma de enfrentar seus traumas e recomeçar. Para você, de que forma elas auxiliam a lidar com questões psicológicas?
O.F.: Já se sabe da importância da arte no processo terapêutico e seus resultados. Ela é capaz de auxiliar o indivíduo a processar melhor suas emoções e manejar mais facilmente emoções de impactos negativos. Através da produção artística, o indivíduo tem a possibilidade de canalizar sua ansiedade, eventos de medo, estado de tristeza, raiva, etc; e isso indiscutivelmente traz benefícios às saúdes emocional, física, mental e espiritual.
Bianca Amorim se reencontra nas suas tintas pinceladas, nos seus quadros divinamente pintados. É um resgate do que ela já havia sido, quando sua autoestima era adequada, quando ela se sentia mais feliz. Foi um reencontro com o que ela havia de melhor naquele momento de aflição, desencanto e dor: era ela mesma refletida em seu quadro, emoldurada e pendurada na sua parede. Ali estava uma porta de saída para encontrar a si num abraço de acolhimento da própria alma de artista. Ali havia um infalível objetivo para viver, realizar sonhos. Encontrar-se num estado de síndrome do pânico é como estar morto com vida. Esse reencontro foi um processo de ressurreição, é voltar a ficar viva em vida. Daí o subtítulo do livro: Ressuscitada das Cinzas.
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Sobre o autor: Orlany Filho é natural da cidade do Rio de Janeiro e atualmente reside na Praia de Marobá, no município de Presidente Kennedy, no Espírito Santo. Graduou-se em Letras com especialidade nas Línguas Portuguesa e Espanhola e possui pós-graduação em Psicopedagogia. Além disso, tem MBA de Gestão Estratégica de Pessoas; MBA de Psicologia e Coaching; e MBA de Executivo Coaching.
Instagram do autor: @orlanyfilho
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