Nova Indústria Brasil tem foco na recuperação
industrial, diz o empresário José Roberto Colnaghi da Asperbras
Pela primeira vez em décadas, o Brasil
tem um plano articulado de desenvolvimento e recuperação da indústria. Batizado
de Nova Indústria Brasil,
o programa é composto por um pacote de investimentos de R$ 300 bilhões até
2026. Desse total, 250 bilhões serão mobilizados pelo BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social). O programa prevê ainda uma política de
obras e compras públicas, com incentivo ao conteúdo local, cujos detalhes ainda
não foram divulgados.
Do total do pacote, R$ 194 bilhões foram
anunciados recentemente. Outros R$ 106 bilhões já haviam sido informados em
julho do ano passado. O documento que constitui a Nova Indústria Brasil foi
entregue ao presidente da República pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Industrial (CNDI) em cerimônia no Palácio do Planalto. Coube ao ministro do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o vice-presidente
Geraldo Alckmin (PSB) organizar e sistematizar a proposta que deverá embasar a
“neoindustrialização” do país nos próximos anos.
Apoio no meio empresarial
O plano foi elogiado por entidades
representativas da indústria como a CNI (Confederação Nacional da Indústria),
Fiesp (Federação de Indústrias do Estado de São Paulo) e pela Firjan (Federação
das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). O setor industrial realçou o fato
de o governo reconhecer a importância desse segmento econômico e considerou os
tópicos elencados no pacote apropriados para o atual momento socioeconômico, dando
condições de colocar a economia brasileira entre as maiores do mundo.
Para o presidente do Conselho da Asperbras, grupo que
atua em diversos segmentos da indústria, agronegócio e serviços, José Roberto Colnaghi, a
iniciativa veio em boa hora. “A indústria é fundamental para o crescimento do
Brasil do ponto de vista econômico e social”, afirma Colnaghi. “É extremamente
salutar que o foco do programa seja no desenvolvimento sustentável, na
produtividade, na inovação e tenha um olhar atento para o comércio exterior
porque este é o caminho para termos uma indústria moderna e alinhada às
melhores práticas internacionais”, reforça José Roberto Colnaghi.
Na avaliação do empresário, está aberta
a oportunidade de a indústria nacional retomar o protagonismo que perdeu na
economia do Brasil. “Outras formulações de política industrial do passado não
eram horizontais e não possuíam a articulação e visão ampla que está sendo
colocada agora”, afirma José Roberto Colnaghi. “Cumpre o governo cuidar,
simultaneamente, do equilíbrio fiscal e da execução do Nova Indústria Brasil
para que ele propicie todos os benefícios que tanto ansiamos ao país”,
completou Colnaghi.
Financiamento
Segundo o MDIC, os R$ 300 bilhões em
recursos serão geridos pelo BNDES, pela Finep (Financiadora de Estudos e
Projetos, empresa de fomento à ciência, tecnologia e inovação) e pela Embrapii
(Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, voltada para o fomento
da inovação do setor industrial). Dentro desse total, estão o Programa Mais
Inovação, com R$ 66 bilhões, operado pelo BNDES e pela Finep, sendo R$ 40
bilhões em crédito a condições de Taxa Referencial (TR) +2%. Outros R$ 20
bilhões serão concedidos exclusivamente pela Finep, por meio de recursos
não-reembolsáveis, ou seja, que não precisam ser devolvidos e que serão
distribuídos via chamadas públicas e editais.
O presidente do BNDES, Aloizio
Mercadante, avalia que os R$ 300 bilhões previstos para incentivar a indústria
é apenas um piso das metas do governo. Ele acredita que há uma janela de
oportunidade histórica para o Brasil, com a reorganização das cadeias de
produção globais, e é preciso o apoio do Estado, não apenas do mercado, para
alavancar o setor.
A nova política tem metas para os
próximos dez anos e é destinada especificamente para seis áreas: agroindústria;
bioeconomia; complexo industrial de saúde; infraestrutura, saneamento, moradia
e mobilidade; transformação digital; e tecnologia de defesa.
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