quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Às vésperas do carnaval, urologista dá dicas de sexo seguro para os foliões apaixonados

 


Festejos começam de forma oficial já a partir do próximo sábado, 10 de fevereiro

A maior festa do mundo chegou! O Carnaval 2024 será realizado entre os dias 10 e 13 de fevereiro e muitos foliões já tiraram o glitter e a fantasia do armário para entrar no clima de pegação da data o que sempre pede cuidados para evitar um pós-Carnaval com uma IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) para chamar de sua.

Esta preocupação, inclusive, é crescente também fora da data festiva com a explosão de casos de comorbidades contraídas durante a prática sexual. Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), foram registradas 2 mil novas infecções de HIV e 10,3 mil de sífilis no ano de 2023 e isso para citar apenas duas.

Como o Carnaval é uma festa onde muitos foliões costumam ter relações sexuais com desconhecidos, a prevenção é crucial para evitar fazer parte de uma estatística indesejada: a de quem ganhou uma IST.

Pensando nisso, entrevistamos o urologista Dr. Paulo Egydio, do Egydio Medical Center, para dar as principais dicas de sexo seguro para você se preocupar só com a diversão.

Não esteja entre os 77,2% de brasileiros que não usam preservativos

Durante o carnaval, os principais riscos relacionados à saúde sexual incluem as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e as relações que podem resultar em traumas penianos. Pode parecer óbvio para alguns, mas o uso de preservativo interno ou externo é a principal medida de prevenção de ISTs.

Para jovens entre 15 e 24 anos, no entanto, a camisinha está sendo deixada de lado cada vez mais: segundo Pesquisa Nacional de Saúde (PeNSE) do IBGE, 43,3% dos homens desta faixa etária ignoraram a medida preventiva na última vez em que transaram em 2009, eram 27,5%.

Considerando os brasileiros com mais de 18 anos, o PeNSE apontou um número ainda mais preocupante: apenas 22,8% usaram camisinha no sexo, número que representa 26,6 milhões de adultos. Não à toa, as infecções de ISTs estão em alta desde 2019.

Além disso, ISTs podem ser transmitidas não apenas por sexo penetrativo. De acordo com o Dr. Paulo, as ISTs são transmitidas também pelo contato com mucosas, como oral, vaginal e peniana, incluindo a transmissão de doenças bacterianas, por protozoários, vírus e fungos.

E não se engane: é possível ter estas doenças infectocontagiosas sem saber. No ano passado, o Ministério da Saúde divulgou que 108 mil brasileiros são soropositivos e não sabem. Por isso, é possível disseminar ou contrair uma IST mesmo sem sintomas visíveis afinal, camisinha é a maior proteção contra gravidez e doenças mais graves.

Aprenda o que é profilaxia antes e depois do sexo

Muitas pessoas podem considerar a palavra profilaxia difícil, mas ela precisa estar no vocabulário de qualquer pessoa com vida sexual ativa principalmente com parceiros diferentes. Ela pode ser usada antes e depois do ato, ajudando na prevenção de ISTs com o uso de medicações.

Você teve uma relação sexual sem preservativo? A profilaxia pós-exposição (PPE) é central para mitigar a possibilidade de contrair HIV, hepatite ou outras comorbidades. Estas medicações são indicadas a pessoas com ferimentos na genitália, que fizeram sexo consentido sem camisinha ou vítimas de violência sexual e, no último caso, é necessário pedir suporte da polícia porque o crime também é contagioso.

Antes da relação você pode aplicar a profilaxia pré-exposição (PrEP), que consiste em tomar medicamentos de maneira programada para evitar o contágio. Quem está suscetível a cometer o erro de fazer sexo sem camisinha, tenha contraído ISTs e ou usado medicações de PEP mais de uma vez é mais indicado a esta prevenção.

Vale ressaltar que a PrEP é feita com acompanhamento de um médico especialista e mediante uma avaliação. Afinal, é um método preventivo. Já a PEP é emergencial e, por isso, mais acessível.

Conheça os sinais das ISTs e se proteja

Educação é um dos principais meios de prevenção e, por isso, conhecer os sintomas de ISTs é importantíssimo. No caso dos homens, por exemplo, caroços no pênis pode significar herpes ou HPV. Outros sinais de comorbidades são feridas, verrugas e corrimentos na região genital e anal.

Independente da relação sexual ser protegida ou desprotegida, é crucial estar atento aos sinais de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), especialmente se houver exposição a bactérias, fungos ou vírus.

Os sintomas de uma IST geralmente começam a aparecer entre três dias a uma semana após um contato sexual que possa ter sido de risco. “É importante monitorar a presença de secreções na ponta do pênis ou na uretra, o que pode indicar uma uretrite, uma infecção da uretra. Outros sinais a serem observados incluem ardor ao urinar e a presença de secreções nas roupas íntimas pela manhã.”, ressalta.

De acordo com o Dr. Paulo, identificar esses sintomas precocemente é importante para um diagnóstico precoce, permitindo um tratamento oportuno que pode prevenir complicações maiores. Pois, infecções não tratadas podem progredir, afetando outras partes do sistema reprodutivo, como a próstata, resultando em prostatite, ou os testículos, levando a epididimite, o que pode agravar significativamente o quadro de saúde.

Conheça as treze principais ISTs e fique atento a qualquer sinal: 

  • Aids (HIV)
  • Cancromlie
  • Clamídia
  • Gonorreia
  • Condiloma acuminado (HPV)
  • Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
  • Donovanose
  • Hepatites virais
  • Herpes
  • Infecção pelo Vírus T-linfotrópico humano (HTLV)
  • Linfogranuloma venéreo
  • Sífilis
  • Tricomoníase

É homem? Cuidado com as fraturas no pênis!

Ainda de acordo com o especialista, no período do carnaval é possível notar comumente um aumento na predisposição a traumas no pênis, devido ao comportamento mais desinibido, muitas vezes acompanhado pelo consumo excessivo de álcool.

Esse cenário, para o Dr. Paulo, pode levar a relações sexuais em que o pênis não está suficientemente ereto ou a adoção de posições que facilitam o escape do pênis e causam impacto direto sobre ele quando ereto, causando uma ruptura que pode ser comparada a um pneu estourando, onde o sangue vaza subitamente devido ao rompimento da membrana que mantém o pênis pressurizado

Embora não existam estudos específicos relacionando o carnaval ou períodos festivos a um aumento nas fraturas penianas, é evidente que a maior incidência de sexo casual, desprotegido, e muitas vezes sob influência de álcool ou drogas, torna os indivíduos mais suscetíveis a esse tipo de lesão.

Fique longe dos excessos na folia

O Carnaval é uma festa marcada pelo consumo de álcool, tabagismo e até uso recreativo de drogas. São substâncias que oferecem riscos à saúde por si só, mas podem causar disfunção erétil e prejudicar o desempenho sexual.

O abuso de substâncias pode fazer com que alguns relaxem nas medidas preventivas. O uso correto de preservativos é fundamental para prevenir ISTs. Isso inclui garantir uma aplicação adequada para evitar rupturas, assim como assegurar a lubrificação adequada durante a penetração para evitar traumas no pênis.

Sem contar que o consumo excessivo de álcool ou drogas, pode resultar em dificuldades para ter ou manter uma ereção de qualidade durante o ato sexual, aumentando o risco de traumatismos, fraturas ou deformidades adquiridas no pênis, conhecidas como doença de Peyronie.

O Dr. Paulo informa também que forçar o pênis em uma penetração sem lubrificação adequada ou sem remover o ar da ponta do preservativo pode causar traumas, como fibroses, inflamações e deformidades no pênis.

“Tais lesões podem levar a curvaturas, afinamentos e até piora da função erétil. Portanto, é vital minimizar o consumo de álcool para manter a capacidade de tomar decisões prudentes sobre a proteção sexual e evitar comportamentos que possam levar a lesões penianas”, comenta.

Essas condições contribuem para uma experiência sexual insatisfatória e até um pouco frustrante. “O consumo de álcool e cigarro pode resultar em dificuldades para ter ou manter uma ereção de qualidade durante o ato sexual, aumentando o risco de traumatismos, fraturas ou deformidades adquiridas no pênis, conhecidas como doença de Peyronie.”, finaliza Dr. Paulo. 

Outros cuidados importantes

Outras medidas incluem garantir que o preservativo seja colocado desde o começo da atividade sexual e estar atento para não perdê-lo em caso de perda de ereção, o que resultaria em sexo totalmente desprotegido.

É também crucial esperar por uma lubrificação adequada ou usar lubrificante na ponta desse item preventivo para evitar sua ruptura. Após o orgasmo e a ejaculação, deve-se segurar na base da camisinha ao retirá-la do pênis, evitando assim que ele saia e exponha o pênis a secreções potencialmente infecciosas.

Feito isso, o mais recomendado é lavar bem a região genital com água corrente e sabonete e urinar em seguida. Essas práticas ajudam na prevenção de ISTs e infecções urinárias.

O Carnaval é uma das coisas mais populares da cultura brasileira e aproveitá-lo de maneira responsável é o principal cuidado para não fazer a festa se tornar um trauma. Caso o folião perceba algo diferente, o mais recomendado é procurar um médico que poderá tanto tirar dúvidas quanto iniciar as ações mais emergentes, em caso de alguma patologia em estágio inicial. 

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