Festejos começam de forma oficial já a partir do próximo sábado, 10 de fevereiro
A maior festa do mundo chegou! O
Carnaval 2024 será realizado entre os dias 10 e 13 de fevereiro e muitos
foliões já tiraram o glitter e a fantasia do armário para entrar no clima de
pegação da data 一
o que sempre pede cuidados para evitar um pós-Carnaval com uma IST (Infecções
Sexualmente Transmissíveis) para chamar de sua.
Esta preocupação, inclusive, é crescente
também fora da data festiva com a explosão de casos de comorbidades contraídas
durante a prática sexual. Segundo
o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), foram registradas 2
mil novas infecções de HIV e 10,3 mil de sífilis no ano de 2023 一 e isso para citar apenas duas.
Como o Carnaval é uma festa onde muitos
foliões costumam ter relações sexuais com desconhecidos, a prevenção é crucial
para evitar fazer parte de uma estatística indesejada: a de quem ganhou uma
IST.
Pensando nisso, entrevistamos o
urologista Dr. Paulo Egydio, do Egydio Medical Center, para dar as principais
dicas de sexo seguro para você se preocupar só com a diversão.
Não esteja entre os
77,2% de brasileiros que não usam preservativos
Durante o carnaval, os principais riscos
relacionados à saúde sexual incluem as infecções sexualmente transmissíveis
(ISTs) e as relações que podem resultar em traumas penianos. Pode parecer óbvio
para alguns, mas o uso de preservativo interno ou externo é a principal medida
de prevenção de ISTs.
Para jovens entre 15 e 24 anos, no
entanto, a camisinha está sendo deixada de lado cada vez mais: segundo Pesquisa
Nacional de Saúde (PeNSE) do IBGE, 43,3% dos homens desta faixa etária
ignoraram a medida preventiva na última vez em que transaram 一 em 2009, eram 27,5%.
Considerando os brasileiros com mais de
18 anos, o PeNSE apontou um número ainda mais preocupante: apenas
22,8% usaram camisinha no sexo, número que representa 26,6 milhões de adultos.
Não à toa, as infecções de ISTs estão em alta desde 2019.
Além disso, ISTs podem ser transmitidas
não apenas por sexo penetrativo. De acordo com o Dr. Paulo, as ISTs são
transmitidas também pelo contato com mucosas, como oral, vaginal e peniana,
incluindo a transmissão de doenças bacterianas, por protozoários, vírus e
fungos.
E não se engane: é possível ter estas
doenças infectocontagiosas sem saber. No ano passado, o Ministério
da Saúde divulgou que 108 mil brasileiros são soropositivos e não sabem.
Por isso, é possível disseminar ou contrair uma IST mesmo sem sintomas visíveis
一 afinal,
camisinha é a maior proteção contra gravidez e doenças mais graves.
Aprenda o que é
profilaxia 一 antes e depois do sexo
Muitas pessoas podem considerar a
palavra profilaxia difícil, mas ela precisa estar no vocabulário de qualquer
pessoa com vida sexual ativa 一
principalmente com parceiros diferentes. Ela pode ser usada antes e depois do
ato, ajudando na prevenção de ISTs com o uso de medicações.
Você teve uma relação sexual sem
preservativo? A profilaxia pós-exposição (PPE) é central para mitigar a
possibilidade de contrair HIV, hepatite ou outras comorbidades. Estas
medicações são indicadas a pessoas com ferimentos na genitália, que fizeram
sexo consentido sem camisinha ou vítimas de violência sexual 一 e, no último caso, é necessário pedir
suporte da polícia porque o crime também é contagioso.
Antes da relação você pode aplicar a
profilaxia pré-exposição (PrEP), que consiste em tomar medicamentos de maneira
programada para evitar o contágio. Quem está suscetível a cometer o erro de
fazer sexo sem camisinha, tenha contraído ISTs e ou usado medicações de PEP
mais de uma vez é mais indicado a esta prevenção.
Vale ressaltar que a PrEP é feita com
acompanhamento de um médico especialista e mediante uma avaliação. Afinal, é um
método preventivo. Já a PEP é emergencial e, por isso, mais acessível.
Conheça os sinais das
ISTs e se proteja
Educação é um dos principais meios de
prevenção e, por isso, conhecer os sintomas de ISTs é importantíssimo. No caso dos
homens, por exemplo, caroços no pênis pode significar herpes ou HPV. Outros
sinais de comorbidades são feridas, verrugas e corrimentos na região genital e
anal.
Independente da relação sexual ser
protegida ou desprotegida, é crucial estar atento aos sinais de infecções
sexualmente transmissíveis (ISTs), especialmente se houver exposição a
bactérias, fungos ou vírus.
Os sintomas de uma IST geralmente
começam a aparecer entre três dias a uma semana após um contato sexual que
possa ter sido de risco. “É importante monitorar a presença de secreções na
ponta do pênis ou na uretra, o que pode indicar uma uretrite, uma infecção da
uretra. Outros sinais a serem observados incluem ardor ao urinar e a presença
de secreções nas roupas íntimas pela manhã.”, ressalta.
De acordo com o Dr. Paulo, identificar
esses sintomas precocemente é importante para um diagnóstico precoce,
permitindo um tratamento oportuno que pode prevenir complicações maiores. Pois,
infecções não tratadas podem progredir, afetando outras partes do sistema
reprodutivo, como a próstata, resultando em prostatite, ou os testículos,
levando a epididimite, o que pode agravar significativamente o quadro de saúde.
Conheça as treze principais ISTs e fique
atento a qualquer sinal:
- Aids (HIV)
- Cancromlie
- Clamídia
- Gonorreia
- Condiloma acuminado (HPV)
- Doença Inflamatória Pélvica
(DIP)
- Donovanose
- Hepatites virais
- Herpes
- Infecção pelo Vírus
T-linfotrópico humano (HTLV)
- Linfogranuloma venéreo
- Sífilis
- Tricomoníase
É homem? Cuidado com as
fraturas no pênis!
Ainda de acordo com o especialista, no
período do carnaval é possível notar comumente um aumento na predisposição a
traumas no pênis, devido ao comportamento mais desinibido, muitas vezes
acompanhado pelo consumo excessivo de álcool.
Esse cenário, para o Dr. Paulo, pode
levar a relações sexuais em que o pênis não está suficientemente ereto ou a
adoção de posições que facilitam o escape do pênis e causam impacto direto
sobre ele quando ereto, causando uma ruptura que pode ser comparada a um pneu
estourando, onde o sangue vaza subitamente devido ao rompimento da membrana que
mantém o pênis pressurizado
Embora não existam estudos específicos
relacionando o carnaval ou períodos festivos a um aumento nas fraturas
penianas, é evidente que a maior incidência de sexo casual, desprotegido, e
muitas vezes sob influência de álcool ou drogas, torna os indivíduos mais
suscetíveis a esse tipo de lesão.
Fique longe dos
excessos na folia
O Carnaval é uma festa marcada pelo
consumo de álcool, tabagismo e até uso recreativo de drogas. São substâncias
que oferecem riscos à saúde por si só, mas podem causar disfunção erétil e
prejudicar o desempenho sexual.
O abuso de substâncias pode fazer com
que alguns relaxem nas medidas preventivas. O uso correto de preservativos é
fundamental para prevenir ISTs. Isso inclui garantir uma aplicação adequada
para evitar rupturas, assim como assegurar a lubrificação adequada durante a
penetração para evitar traumas no pênis.
Sem contar que o consumo excessivo de
álcool ou drogas, pode resultar em dificuldades para ter ou manter uma ereção
de qualidade durante o ato sexual, aumentando o risco de traumatismos, fraturas
ou deformidades adquiridas no pênis, conhecidas como doença de Peyronie.
O Dr. Paulo informa também que forçar o
pênis em uma penetração sem lubrificação adequada ou sem remover o ar da ponta
do preservativo pode causar traumas, como fibroses, inflamações e deformidades
no pênis.
“Tais lesões podem levar a curvaturas,
afinamentos e até piora da função erétil. Portanto, é vital minimizar o consumo
de álcool para manter a capacidade de tomar decisões prudentes sobre a proteção
sexual e evitar comportamentos que possam levar a lesões penianas”, comenta.
Essas condições contribuem para uma
experiência sexual insatisfatória e até um pouco frustrante. “O consumo de
álcool e cigarro pode resultar em dificuldades para ter ou manter uma ereção de
qualidade durante o ato sexual, aumentando o risco de traumatismos, fraturas ou
deformidades adquiridas no pênis, conhecidas como doença de Peyronie.”, finaliza
Dr. Paulo.
Outros cuidados
importantes
Outras medidas incluem garantir que o
preservativo seja colocado desde o começo da atividade sexual e estar atento
para não perdê-lo em caso de perda de ereção, o que resultaria em sexo
totalmente desprotegido.
É também crucial esperar por uma
lubrificação adequada ou usar lubrificante na ponta desse item preventivo para
evitar sua ruptura. Após o orgasmo e a ejaculação, deve-se segurar na base da
camisinha ao retirá-la do pênis, evitando assim que ele saia e exponha o pênis
a secreções potencialmente infecciosas.
Feito isso, o mais recomendado é lavar
bem a região genital com água corrente e sabonete e urinar em seguida. Essas
práticas ajudam na prevenção de ISTs e infecções urinárias.
O Carnaval é uma das coisas mais
populares da cultura brasileira e aproveitá-lo de maneira responsável é o
principal cuidado para não fazer a festa se tornar um trauma. Caso o folião
perceba algo diferente, o mais recomendado é procurar um médico que poderá
tanto tirar dúvidas quanto iniciar as ações mais emergentes, em caso de alguma
patologia em estágio inicial.
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