domingo, 24 de novembro de 2024

Um exercício poético da imaginação e do insólito

 

Em "A Garota e o Armagedom", escritor Sérgio Coelho cria poemas oníricos sobre dilemas humanos e um possível fim do mundo

Fantasmas, bailarinos, monstros e soldados são alguns dos personagens diversos que coexistem em um universo onde o inesperado e o extraordinário se entrelaçam. No livro A Garota e o Armagedom, o escritor Sérgio Coelho convida o leitor a pôr a imaginação à prova ao retratar a busca de uma jovem pela verdade em um ambiente caótico de destruição e renascimento; nas lembranças da infância em uma casa à beira mar; nas selvas com todo tipo de feras, entre outras situações. Com temas e cenários tão variados quanto suas figuras, os 60 poemas surrealistas que compõe a publicação fazem refletir sobre amor, morte, medos e amadurecimento.

A principal inspiração do autor foi o movimento Surrealista, uma das vanguardas artísticas europeias do início do século XX, cujas expressões podem ser vistas na literatura, nas artes plásticas e no cinema, por meio de artistas como o escritor André Breton, o pintor Salvador Dalí, e o cineasta Luis Buñuel. Seguindo a principal tendência do movimento, os poemas da obra exploram temáticas e imagens ligadas à imaginação, ao inconsciente e ao mundo dos sonhos.

Alguns dos versos têm inspiração em mitologia e narrativas fantásticas, como “Festa Santa”, “Campanha Inimiga” e “Á Espera do Rei”. Em outros, como o poema-título e “A menina e a ilusão”, explora a jornada de uma jovem supostamente comum, mas que ao fugir de casa e da tia cruel, se envolve em uma trama apocalíptica com figuras e divindades de diferentes crenças e panteões:

As constelações inventaram um brinquedo,
Para revelarem à garota seu segredo.
Ela olhou a própria mão, intrigada,
Sem entender patavina, quase nada.
Foi só uma olhada,
Mas bastou.
O sabor da jornada desgostou.
Era um sabor tão forte, que chorou.
Sentiu o amargo do Inferno.
Sentiu o doce do Céu, refrescante.
Nova vida se iniciou nesse instante;
Pois o passado foi
Ultrapassado pela trapaça da tia
Agora a garota via na vida ilusão.
(A Garota e o Armagedom, p. 27)

Outros textos exploram angústias e inquietações humanas. Em “O Mudo e a Espada”, o autor estabelece metáforas entre a natureza e a depressão para abordar o avanço da doença e seus efeitos. Já “A Sentença de Morte” começa como uma narrativa fantasiosa, para depois provocar reflexões sobre a transitoriedade da vida e o apego às coisas passageiras.

Segundo Sérgio Coelho, o impulso de escrever poesia veio durante uma crise criativa. Na busca por temas para os versos, o autor encontrou no Surrealismo um incentivo para seguir uma abordagem mais imaginativa. “Mais do que uma brincadeira, o livro é um jogo criativo tentando envolver a mente do leitor”, explica. Através dos poemas de A Garota e o Armagedom, é possível pensar na vida e seus dilemas de forma mais insólita e inventiva.

FICHA TÉCNICA

Título: A Garota e o Armagedom: Poemas Surrealistas
Autor: Sérgio Coelho
Editora: UmLivro
ISBN: 978-6558728108
Formato: Livro físico e e-book
Páginas: 96
Preço: R$ 30,90
Onde comprar: Amazon

Sobre o autor: Formado em Ciências Sociais, Sérgio Coelho é bancário e morador de Belo Horizonte. Curioso por movimentos artísticos, há anos é instigado por questionamentos sobre o sentido da vida e a ordem das coisas. Ainda sem respostas, segue transformando dúvidas em versos e imagens sobre a alma. Mesmo sendo muitas as profundezas que experimenta ao longo da vida, a cada mergulho, a volta à superfície é mais recompensadora.


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