SUSPENSÃO
Após saber dos valores que seriam gastos com os shows, mais de R$520 mil - valor que seria alto para um munícipio que possui menos de 3 mil habitantes, o MPMG propôs uma Ação Civil Pública (ACP) pedindo a suspensão das contratações dos cantores famosos. De acordo com levantamento da Promotoria de Justiça, os custos da festividade extrapolam em 10% os investimentos que o município teve, em 2021, com educação, em 15% o que desembolsou com saúde, em 100% os recursos gastos em assistência social e em 1.410% com as ações de proteção ambiental.
A Justiça de primeira instância mandou suspender os shows na quarta-feira, mas o município recorreu ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que manteve o evento, em decisão da quinta. Mas na sexta, após decisão do STJ, os shows foram novamente suspensos. Na prática, o município só foi notificado no sábado.
Veja aqui a íntegra da decisão do STJ
Para o promotor de Justiça José Azeredo Neto, “a realização de evento de tal magnitude se torna claramente inconcebível, uma vez que os volumosos recursos a serem gastos podem ser aplicados na solução de problemas que a população vem enfrentando”.
De acordo com ele, tramitam na Promotoria de Justiça vários procedimentos relacionados ao município, como o lixão a céu aberto, a inexistência de política pública de acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco social, a falta de tratamento de esgoto, a inexistência de água tratada na zona rural, entre outros.
“Dentro desse quadro caótico de descaso com a realização de melhorias essenciais à população - e sem mencionar os outros setores que estão em sinal de abandono, como o Conselho Tutelar, que nem sequer conta com veículo próprio para o desempenho das suas atividades - o então prefeito resolveu, simplesmente, promover um evento festivo, nunca antes realizado no município, a ser custeado com recursos públicos”, afirmou Neto.
Na ACP, o promotor de Justiça ainda menciona o risco de estrangulamento das contas públicas do município de 2.821 habitantes, a violação do princípio da razoabilidade, diante das despesas com a realização de evento em momento de crise econômica, a necessidade de se priorizar os recursos públicos do município em serviços e programas de promoção do mínimo existencial, do bem-estar geral, e das necessidades coletivas.
Segundo o representante do MPMG, diante da situação em que se encontra o município de São José do Mantimento, a atuação do administrador público deve ser norteada pelos valores da dignidade da pessoa humana e dos direitos fundamentais, de modo a atender às necessidades básicas da população.
NOTA OFICIAL
Em nota oficial a Prefeitura de São José do Mantimento informou que o show de Paula Fernandes foi suspenso.
“A Prefeitura de São José do Mantimento comunica a todo o público presente na 14ª Outhofest e visitantes que, em razão de decisão do Superior Tribunal de Justiça, que restabeleceu a decisão do Juízo de Direito da Comarca de Lajinha, foram suspensos os shows nacionais contratados para a festa, incluindo o show da premiada e querida cantora Paula Fernandes.
O Município de São José do Mantimento, por meio de sua Assessoria Jurídica, adotou todas as medidas judiciais cabíveis para reverter a decisão, aguardando até as 22h deste sábado, 06 de agosto de 2022, decisão do Supremo Tribunal Federal, que ainda continua pendente de apreciação.
A Administração Municipal, em nome de todo o povo de São José do Mantimento, agradece o profissionalismo da cantora Paula Fernandes e de toda sua equipe de produção”.
Redação do Portal Caparaó com informações do MPMG e Prefeitura de São José do Mantimento
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