A Universidade Federal de Viçosa (UFV) assinou um acordo internacional junto a instituições e empresas para fazer parte do consórcio público-privado Ecoffee, que propõe reduzir progressivamente o uso de agrotóxicos na cultura do cafeeiro.
Segundo o professor do Departamento de Fitopatologia (DFP), Robert Barreto, as atividades do consórcio serão colocadas em prática em etapas e a previsão inicial é que ele tenha 10 anos de duração.
O acordo assinado pela UFV é referente à primeira etapa, que está em andamento desde março. Ela terá duração de aproximadamente 20 meses. O objetivo é elaborar um diagnóstico internacional sobre o uso de agrotóxicos na cafeicultura, a presença de resíduos no ambiente e no produto colhido e o impacto ambiental da aplicação.
A instituição é a primeira do Brasil a participar do consórcio. Além da UFV, três empresas fornecedoras de café, sete torrefadoras e outras instituições de pesquisa de todo o mundo integram a iniciativa
O consórcio é liderado pelo Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento (Cirad, na Língua Francesa), que é sediado na França e trabalha para a pesquisa e o desenvolvimento agrícola sustentável das regiões tropicais e mediterrâneas.
A UFV será incumbida de supervisionar e conduzir parte das atividades para o diagnóstico no Brasil.
“Com isso, se pretende determinar o status atual e a consequência do uso de agrotóxicos na cafeicultura e construir as bases para as etapas mais ambiciosas de médio e longo prazos que se seguirá”, explicou o professor Robert Barreto.
Robert ainda explicou que diversos departamentos, professores, pesquisadores e estudantes da instituição poderão se envolver com a iniciativa ao longo da consolidação.
“As perspectivas de o Ecoffee provocar um novo impulso para as atividades de pesquisa sobre a cultura do café na UFV, além de estimular cooperações internas, com parceiros e outras instituições brasileiras, são excelentes. O desafio é muito grande, mas as oportunidades são ótimas e imperdíveis para a universidade”, analisou o docente.
Produção de Café
O Brasil é o maior produtor de café do mundo e para o professor Robert Barreto, a UFV e algumas parceiras de longa data, como Epamig e Embrapa Café, têm reconhecida conexão com o ensino, a pesquisa e a extensão sobre a cultura do cafeeiro e formam o grupo mais produtivo em número de publicação científica na área no país.
Somente no Laboratório de Clínica de Doenças de Plantas/Micologia do DFP, coordenado pelo professor, três teses de doutorado foram concluídas e outras duas estão sendo desenvolvidas dentro da temática do controle biológico da principal doença da cultura, chamada de ferrugem do cafeeiro. Devido à experiência e à trajetória, a universidade e o docente foram contatados pelo idealizador do Ecoffee, o pesquisador do Cirad Benoit Bertrand, para participar da iniciativa.
O Ecoffe
Os objetivos do Ecoffee são reduzir ou, preferencialmente, abolir o uso de agrotóxicos – incluindo herbicidas, fungicidas e inseticidas – na cultura do cafeeiro e tornar o setor movimentado pelo grão mais sustentável.
O uso intensivo e prolongado dessas substâncias, como o Cirad, aumenta o impacto sobre o meio ambiente, a biodiversidade, as pessoas que vivem da agricultura e os consumidores.
Os resultados, conforme o Cirad, serão disponibilizados por meio de publicações e eventos científicos e direcionarão estudos experimentais sobre manejo de pragas sem agrotóxicos.
O Centro assegura que os integrantes do Ecoffee também trabalharão a disseminação e apropriação dos conhecimentos obtidos juntos aos cafeicultores.
Fonte: G1 Zona da Mata
Transcrito Destaque Diário
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