NOSSOS FILHOS FORA DA ESCOLA
por Rossano Sobrinho
Estes são dias complexos. Estamos diante de uma experiência mundial que nos tem forçado a nos redescobrirmos. Entre as tantas situações delicadas provocadas pela presença do Covid 19, uma das mais preocupantes é a impossibilidade de nossos filhos frequentarem as escolas.
Sei da complexidade do momento e respeito profundamente as autoridades da Saúde, mas devemos atentar com muito carinho para a rotina de nossos filhos nesses dias turbulentos, sem usufruírem da vida escolar regular.
Nossas crianças e jovens estão praticamente encarcerados dentro de casa pelo menos de segunda a sexta-feira, e isso é péssimo para a vida emocional de todos eles! O movimento de se deslocarem dos lares e se dirigirem aos colégios, solicalizando-se com diversos colegas e professores é altamente salutar. A convivência com os amigos, a diversidade de assuntos, o contato com realidades diferentes da vivida em casa oferece uma dinâmica saudável, certamente até terapêutica, aos nossos filhos.
Sem poderem ir à escola, nossas crianças e jovens, mesmo realizando atividades escolares on-line, têm ficado em demasia nos celulares, nos computadores, jogando, visitando redes sociais, conversando em demasia com amigos - e alguns até com estranhos - e isso não é nada bom. O uso comedido das tecnologias é uma bênção, a utilização excessiva pode ser altamente perniciosa, principalmente no que diz respeito à aceleração das mentes infanto-juvenis. A mente humana é sensível e, embora comporte o universo, carece de momentos variados para manter o seu equilíbrio, sua estabilidade.
Pode parecer que nós pais não estamos dando conta de nossos filhos dentro de casa, mas não se trata exatamente disso. A verdade é que a dinâmica da vida escolar é fundamental para o equilíbrio emocional de nossas crianças e jovens. Digo isso depois de uma experiência de vinte anos no magistério, além de minha especialização em psicopedagogia.
O fato é que estamos diante de uma realidade nova e devemos rogar aos Céus para que tudo se normalize o mais rápido possível para que nossos filhos voltem à vida escolar com segurança, como também a frequentarem as praças de recreação, as escolas religiosas, enfim, retornem à vida normal.
Vivi uma infância muito saudável, pois podia sair de casa para jogar futebol nas ruas de Espera Feliz (minha cidade), soltar pipa, brincar de bolinha de gude, e ainda podia ir a pé ou de bicicleta de segunda a sexta para a escola, sem qualquer preocupação excessiva com minha segurança. Hoje, porém, não é mais assim, mesmo em minha cidade natal no interior de Minas Gerais. Temos diversas preocupações... As drogas estão em toda parte, a violência também se faz presente nas ruas e, agora, o Covid nos limitou ainda mais a liberdade de viver e conviver, de ir e vir.
O tempos são realmente difíceis, o relativo isolamento social amplifica e muito as tensões e o estresse na população. Não podemos desconsiderar também os vírus do tédio, da solidão e da depressão - quase nunca mencionados pela Grande Mídia. De crianças a idosos, todos estamos submetidos a um contexto estressante e limitante. Que possamos juntos doar o melhor de nós mesmos uns aos outros nesse momento ainda angustiante, cuidando de nossas dores, temores e dissabores até que um dia novo se aproxime, com novas e agradáveis perspectivas, cheio de saúde, paz e alegrias, após o fim da pandemia.
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